Um estudo realizado por cientistas do Centro de Saúde Ambiental Infantil da Colômbia reuniu um número significativo de evidências dos efeitos prejudiciais da poluição do ar na saúde de crianças. O artigo, publicado recentemente na revista especializada Environmental Research, é a primeira revisão abrangente sobre o tema e revela os impactos da combustão dos combustíveis fósseis em meninos e meninas, incluindo o comprometimento do desenvolvimento cognitivo e a maior vulnerabilidade a cânceres.
“Há uma extensa evidência sobre os muitos danos da poluição do ar na saúde das crianças. Nosso trabalho apresenta essas descobertas de uma maneira que é conveniente ao apoio de políticas de ar limpo e de mudanças climáticas que protejam a saúde delas”, frisa Frederica Perera, diretora do centro e professora de ciências da saúde ambiental.
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A equipe revisou 205 estudos publicados entre 1º de janeiro de 2000 e 30 de abril de 2018, que tinham informações sobre a relação entre a concentração de exposições a poluentes do ar e os efeitos na saúde. Os estudos referem-se a subprodutos da queima de combustíveis, como material particulado (PM2.5), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH) e dióxido de nitrogênio (NO2) — todos tóxicos para o corpo humano.
Uma tabela desenvolvida pelos autores fornece informações sobre o risco à saúde para cada tipo de exposição, com base nas pesquisas que abrangeram seis continentes. Eles acreditam que o modelo pode influenciar na decisão de medidas voltadas para o púbico específico. “As políticas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis têm dois propósitos: diminuir a poluição do ar e mitigar as mudanças climáticas, com benefícios econômicos e de saúde combinados. Mas como apenas alguns resultados adversos em crianças são considerados, os formuladores de políticas públicas ainda não enxergam a extensão dos benefícios potenciais das políticas de ar limpo e de mudança climática particularmente para a infância”, explica Frederica Perera.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 40% da carga de doenças relacionadas ao meio ambiente e cerca de 90% da carga da mudança climática são suportadas por crianças que têm no máximo 5 anos de idade, embora essa faixa etária constitua apenas 10% da população mundial.
Gravidez interrompida
Pesquisadores da Universidade de Utah Health descobriram que as mulheres têm o risco de sofrer um aborto espontâneo aumentado em 16% após a exposição de curto prazo à elevada poluição do ar. O estudo considerou dados de mais de 1.300 voluntárias, com em média 28 anos e atendidas em hospitais do estado americano devido à interrupção não desejada da gravidez até a vigésima semana. Aquelas que haviam sido expostas a níveis elevados de dióxido de nitrogênio durante uma janela de sete dias apresentaram risco aumentado de perder o filho. Detalhes do trabalho foram divulgados, neste mês, na revista Fertility and Sterility.
Fonte: Correio Braziliense / Foto: STR