Dívida, segundo a Nefrocentro, no Recife, ultrapassa R$ 1,5 milhão. Unidade afirma não ter como atender doentes após o fim do ano, caso não haja a renovação do contrato.
Quase 300 pacientes que precisam fazer hemodiálise na Nefrocentro, clínica privada que recebe pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de um convênio com o poder público, podem ficar sem tratamento. A unidade, que fica em Casa Forte, Zona Norte do Recife, informou que está sem receber o repasse da verba devida pelo governo do estado, desde 2017. (Veja o vídeo)
O convênio do estado com a Nefrocento foi firmado em 2000. De acordo com a direção da unidade, o contrato com a clínica venceria em agosto do ano passado e, com três meses de antecedência, foi apresentada a documentação para continuar a parceria. Apesar disso, o estado não renovou o acordo.
Sem o dinheiro, os fornecedores estão com o pagamento atrasado e os médicos ficaram sem receber. O 13º e o salário de dezembro de toda da equipe foram comprometidos. A dívida, segundo a administração da clínica, passa de R$ 1,5 milhão.
A clínica começou a informar aos pacientes que estava sem receber e não havia a certeza de que poderia continuar atendendo os 295 doentes que fazem hemodiálise no local.
O cabeleireiro Adriano Dantas começou o tratamento na clínica em 2016. Agora, ele só pode parar de fazer a hemodiálise quando conseguir um transplante de rim. Ele lamentou a possibilidade de a clínica encerrar os trabalhos e reclamou da falta de remédios essenciais para quem precisa.
“Já faz três meses que a gente não recebe um medicamento que serve, também, para a questão da anemia, que é o noripurum. Não está chegando, o porquê, ninguém sabe. Chega em um mês e passa dois ou três sem chegar”, disse.
Coordenadora da clínica, Maroly Alencar afirma que a empresa tem recursos para atender os pacientes até o fim do ano, mas não sabe o que pode ocorrer depois desse período.
“Até o fim do ano, temos materiais para garantir esse tratamento dos pacientes. Depois, fica complicado. Veremos com a Secretaria Estadual de Saúde algumas clínicas disponíveis para receber esses pacientes, porque a interrupção do tratamento deles significa a morte”, disse Maroly.
Resposta
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que permanece em diálogo com a unidade para resolver a situação, regularizando os repasses. Disse, ainda, que estaria em andamento o processo para prorrogar o prazo de vigência do contrato com o serviço.
No documento, a secretaria afirma que as sessões de hemodiálise tiveram um aumento de 15,9% no estado, saindo de mais de 655 mil, em 2013, para 760 mil, em 2017.
A média de pacientes que precisam de terapira renal subiu de 4.788, em 2014, para 5.348 este ano, um aumento de 11,6%. Por ano, o governo de Pernambuco diz investir R$ 14,3 milhões nos serviços de terapia renal.
Sobre os remédios que estariam faltando para a clínica, a secretaria informa que está finalizando o processo de aquisição do medicamento noripurum.