Mesmo ciente da grave carência de leitos pediátricos em Fortaleza, a direção do Hospital Gonzaguinha da Barra do Ceará comunicou aos médicos pediatras, na terça-feira (6), a decisão de que fechará o setor de emergência pediátrica. A situação se agrava ainda mais quando os médicos que trabalham na unidade, alguns há mais de 20 anos, foram informados sobre o caso, por meio de mensagem via WhatsApp, sem aviso prévio, de que teriam apenas as opções de serem alocados na emergência da neonatologia, no próprio hospital, ou direcionados para outras unidades.
Diante dessa grave situação, o Sindicato dos Médicos do Ceará, por meio do seu presidente, Dr. Edmar Fernandes, irá se reunir, amanhã (7), com a direção clínica do Hospital a fim de solicitar esclarecimentos acerca do caso e tentar intervir na decisão do fechamento da emergência pediátrica, na busca de que o serviço de saúde seja restabelecido e volte a funcionar plenamente garantindo o direito básico da população, tendo em vista a precariedade do atendimento na área e da falta de leitos pediátricos na Capital cearense.
De acordo com Dr. Edmar Fernandes, além de a decisão ser irresponsável, sobretudo pela carência de atendimento pediátrico, ainda foi desrespeitosa com os médicos pediatras, que receberam a informação informalmente, sem aviso prévio e por meio de mensagem. “Estivemos no Hospital há pouco tempo para acompanharmos as reformas e foi garantido que a ala pediátrica ficaria mantida. Considero uma medida absurda. Vamos oficiar o Ministério Público na tentativa de não permitir que o fechamento aconteça”, enfatiza.
Segundo a pediatra Dra. Vládia Sampaio, que trabalha no hospital há cerca de 10 anos, a notícia pegou todos de surpresa. “Foi um susto para nós. Temos uma vida toda planejada de acordo com nossos plantões e funções. Tem médico com mais de 20 anos de hospital, que está prestes a se aposentar. Como eles irão se adaptar em um setor que eles nunca trabalharam? Isso é um absurdo”, desabafa a médica, referindo-se às propostas sugeridas pela diretoria clínica do hospital em relação à relocação dos médicos pediatras para a emergência neonatal ou para outras unidades, como o Centro de Assistência à Criança Lúcia de Fátima Rodrigues Guimarães Sá, conhecido como Croa, ou para um dos Gonzaguinhas, de Messejana ou do José Walter.
Redução de leitos pediátricos
Conforme levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), com base em números do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), divulgado em reportagem no Jornal Diário do Nordeste, no dia 13 de julho deste ano, dos 920 leitos hospitalares, destinados a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), que o Ceará perdeu em oito anos, 596 são pediátricos e 150 obstétricos, áreas consideradas as mais afetadas pelo corte de leitos. As estatísticas revelaram ainda que Fortaleza foi a segunda Capital brasileira com a maior redução de vagas de internação entre os anos de 2010 e 2018.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará