Os pacientes que foram ao Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, na manhã desta terça-feira (13), que não foram considerados como casos de urgência, deixaram a unidade sem receber atendimento.
Por conta do atraso no pagamento dos salários dos meses de setembro e outubro, os médicos da unidade decidiram atender apenas os casos mais graves.
Os médicos do Hospital do Juruá decidiram suspender suas atividades para pressionar o governo do estado a repassar os valores referentes ao pagamento de seus salários para uma empresa que administra a unidade de saúde.
Os profissionais reclamam que estão há dois meses sem receber seus vencimentos. O representante do Sindicato dos Médicos (Sindimed), Teobaldo Dantas, afirma que, apesar de estarem com dois meses de salários atrasados, no momento os profissionais estão cobrando apenas a metade do vencimento de setembro, já que foi feito um acordo com a Secretaria Estadual de Saúde que definiu um calendário para atualizar os salários que estão em atraso.
“Fizemos um acordo com a Sueli Melo, para fazer o pagamento da metade do mês de setembro e esse pagamento não foi feito conforme o combinado e, infelizmente, a categoria teve que cumprir o que foi acordado em assembleia e paralisamos todos os serviços não essenciais”, esclareceu Dantas.
Com a paralisação, apenas o centro cirúrgico, a UTI, as clínicas e os casos de emergência estão em atividades. No Pronto-Socorro, somente as fichas amarelas e vermelhas, indicadas para os casos mais delicados, estão sendo distribuídas.
Os pacientes que receberiam as fichas verdes e azuis estão sendo orientados a procurar uma unidade básica de saúde.
Por conta disso, muitos pacientes que foram ao Pronto-Socorro durante a manhã desta terça-feira, voltaram para casa sem receber atendimento. Um dos casos foi da dona de casa Samara Silva que mora no bairro Cruzeirinho e procurou um médico para o filho que está há dois dias com gripe forte e muita tosse, mas não conseguiu uma consulta.
“Agora é o jeito voltar pra casa, mas vou preocupada porque a gripe está muito forte. E quando ele tosse a gente percebe que tem muita secreção no peito dele. Ele tosse tanto que chega fica roxo”, disse a mãe que deve deixou o hospital com o objetivo de levar a criança a um posto de saúde.
Apesar da greve, os pacientes que chegaram com um estado de saúde mais delicado não tiveram problemas para receber atendimento. Sem filas no Pronto-Socorro, a produtora rural Clésia Alencar, de 31 anos, que viajou mais de duas horas da comunidade Santa Bárbara com o filho com suspeita de fratura no pé, não demorou muito para voltar para casa.
“Me falaram que estavam em greve, mas quando falei com eles que, no caso dele não tinha como ficar em casa, pois eu estava com medo dele ter fraturado o pé, aí eles atenderam sem nenhum problema”, disse Clésia.
De acordo com médico que representa o Sindimed em Cruzeiro do Sul, até a manhã desta terça-feira, a Secretaria de Saúde ainda não tinha dado uma posição para a categoria.
Os enfermeiros do Hospital do Juruá também anunciaram que estão com o salário de outubro atrasado e também prometem parar os trabalhos, caso não sejam pagos até quinta-feira (15).
“A situação está tão alarmante que temos colegas que estão com sua luz cortada desde o dia primeiro e até agora ainda não temos nenhuma previsão. O que nos passam é quem não tem dinheiro para pagar e nosso posicionamento é que vamos aguardar até do dia 15, se não cumprirem o acordo que fizeram, nós também vamos entrar em greve junto com os médicos”, alertou a representante dos enfermeiros Marjane Pedroza.