O Brasil corre o risco de voltar a sofrer com doenças infectocontagiosas já erradicadas, como a poliomielite e o sarampo. De acordo com o ministro da saúde, Gilberto Occhi, a situação se deve à baixa cobertura vacinal.
Dados do Ministério indicam que, até o fim de agosto, foram confirmados 1.553 casos de sarampo e 6.975 permanecem em investigação. De acordo com o órgão, “o País enfrenta dois surtos: no Amazonas, que já computa 1.211 casos e 6.905 em investigação, e em Roraima, com o registro de 300 casos da doença, sendo que 70 continuam em investigação”. No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a ocorrência de 23 casos. “A primeira notificação, em março, foi de criança de um ano de idade, não vacinada, que se contaminou em viagem à Europa, local onde está ocorrendo um surto da doença”, afirmou em nota.
Em 2016, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) declarou que a América era uma zona livre de sarampo, tendo entregue ao governo brasileiro um certificado de eliminação da doença.
A poliomielite, porém, já havia sido eliminada do país há 28 anos – com o último caso registrado em 1989. Apesar de também ter recebido o Certificado da Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem em 1994 pela Opas, o Brasil corre o risco de vivenciar o retorno dessa doença – razão que levou o Governo Federal a emitir um alerta neste mês e organizar uma campanha nacional de vacinação tanto contra pólio quanto contra sarampo.
“Em 312 cidades brasileiras, menos de metade das crianças menores de um ano de idade foram vacinadas contra poliomielite em 2017. Com a circulação do vírus em 23 países nos últimos três anos e a confirmação de um caso da doença em junho na Venezuela (país fronteiriço ao Brasil), o alcance da cobertura vacinal voltou a ser prioridade.
“Estrangeiros vêm ao Brasil, nós vamos ao exterior, e tanto o sarampo quanto a poliomielite podem ser importados. Países da Europa, Ásia, África e América têm a circulação de ambos os vírus e, portanto, não há garantias de que não entraram em nossas fronteiras. A única forma definitiva de prevenção é a vacinação. Sem cobertura vacinal adequada, o Brasil volta a ser vulnerável”, afirma Nemesio Tomasella, coordenador da Câmara Técnica de Infectologia do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Fonte: CFM