Com salários em atraso, médicos plantonistas do Pronto-Socorro da Santa Casa de Pirassununga (SP) atenderam menos pacientes como forma de protesto, na sexta-feira (21). O dia foi de longa espera para quem procurou atendimento.
Em nota, o Secretário de Saúde de Pirassununga, Edgar Saggiorato, confirmou que houve um atraso no pagamento por razões orçamentárias e que a situação já está sendo regularizada, mas não deu um prazo.
‘Operação tartaruga’
Cerca de 40 médicos da urgência e emergência participam da paralisação, que chamam de estado de greve, desde a tarde de quinta-feira (20). Todos estão trabalhando, porém, em uma espécie de ‘operação tartaruga’.
Os profissionais estão seguindo o protocolo do Conselho Regional de Medicina. Cada um deles faz apenas quatro atendimentos por hora, sendo três de rotina e uma urgência.
“Das urgências emergências, gente que passa mal, atendimento de risco, cardíacos, traumas, pessoas trazidas pelo Samu, esses estão sendo atendidos pela equipe que está presente”, disse o diretor clínico do hospital, Álvaro Jardim.
Demora
O reflexo imediato foi no tempo de espera para aqueles que precisam de atendimento médico.
O pai do pedreiro Carlos Alberto Procópio foi vítima de uma queda e estava com o joelho doendo. Eles moram na zona norte da cidade e tentaram atendimento no pronto socorro da região, mas não havia médico e por isso foram encaminhados ao pronto-socorro da Santa Casa.
“Estão atendendo quatro pacientes por hora. Estamos aqui há mais de uma hora e não sei que horas que vão chamar”, disse Procópio.
“Só tem um médico atendendo e tem esse monte de gente para atender e não tem previsão. Falaram que ia demorar para ser atendida”, disse a dona de casa Sônia Regina.
Atraso de pagamento recorrente
O diretor clínico, que é representante dos médicos que trabalham no local, disse que o problema vem de muito tempo.
No ano passado os médicos da urgência e emergência ficaram dois meses sem receber. O problema continuou neste ano com muitos atrasos. Agora, o pagamento que deveria ter caído na conta no último dia 10 de setembro não veio ainda.
“É uma ingerência, isso tem que acabar. Nós precisamos receber pontualmente pelo serviço que já foi executado”, disse.
Hospital e prefeitura
A Santa Casa admite que os pagamentos dos médicos da urgência e emergência estão atrasados. O hospital tem convênio firmado com a prefeitura para prestação de serviços, só que os repasses não chegam e isso prejudica o atendimento no hospital.
“A prefeitura vem passando por dificuldades financeiras. Ela alega isso desde o ano passado. Já houve um atraso de dois meses que os médicos concordaram em trabalhar sem receber, em solidariedade, mas a coisa foi se repetindo e os médicos não aguentam mais essa situação”, explicou o diretor técnico do hospital, Octávio Morales.