Alguns países que alcançaram metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a hanseníase podem tê-las atingido de maneira artificial. A opinião é do presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), Claudio Guedes Salgado, que também atua como professor na Universidade Federal do Pará (UFPA). A afirmação foi feita durante os debates sobre “A hanseníase no Brasil”, durante o II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2018 (II ENCM 2018), em Brasília (DF).
Para o professor, várias lacunas no diagnóstico como falta do exame dermatoneurológico (que, se bem executado, não dura menos de 30 minutos, tempo geralmente indisponível no SUS, segundo o especialista), falta de ferramentas sorológicas ou moleculares para auxílio diagnóstico e de treinamento adequado de equipes comprometem o diagnóstico e, consequentemente, os números oficiais sobre a doença, não só no Brasil, como no mundo. “Além disso, quantos países têm bons sistemas de notificação e vigilância?”, questiona, enfatizando que “modelos matemáticos ignoram a real situação”, que, para ele, é preocupante.
Salgado também avalia com preocupação a proposta do Ministério da Saúde de redução do tempo de tratamento da hanseníase no Brasil e reitera a posição contrária da SBH à implantação de esquema curto para os pacientes.
Para o conselheiro federal Dalvélio de Paiva Madruga, que coordenou a mesa, a dificuldade de diagnóstico apontada pelos dois expositores pode ficar ainda mais temerosa com a abertura desenfreada de escolas médicas e a inadequada preparação dos futuros profissionais
Hideraldo Luís Souza Cabeça enfatizou que o CFM terá reunião com Ministério da Saúde (MS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) para abordar esse assunto. “Estamos atuando proativamente não só intracorporis mas indo além justamente porque estamos incomodados com essa situação”, disse.
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