A situação de Roraima, que enfrenta os problemas causados pela crise migratória de venezuelanos para o estado, foi debatida na manhã desta terça-feira (21) em reunião da Comissão de Integração de Médicos de Fronteira do Conselho Federal de Medicina (CFM). “Os recursos são insuficientes para atender com dignidade todos que cruzam a fronteira brasileira”, relatou o conselheiro federal por Roraima, Alexandre de Magalhães Marques, que ficou de apresentar na próxima reunião da Comissão uma apresentação sobre os problemas se saúde na região.
Para o conselheiro federal Jeancarlo Cavalcante, que coordenou a reunião da Comissão, a situação é preocupante. “Tanto os médicos venezuelanos, quanto os brasileiros estão enfrentando os efeitos dessa crise. Nossos vizinhos não têm como tratar seus pacientes por absoluta falta de remédios. Já aqui, principalmente na fronteira, não temos como atender todos os que precisam de assistência”, relatou.
A reunião também debateu a elaboração de uma cartilha sobre medicina de fronteira, a ser editada pelo CFM e distribuída para os profissionais de saúde que trabalham em regiões fronteiriças e com saúde indígena. A diretoria do CFM já aprovou a edição do material, que está em fase de discussão e elaboração.
Participaram da reunião, além de Jeancarlo Cavalcante e Alexandre Magalhães, Ademar Carlos Augusto, Alberto Carvalho de Almeida, Aníbal Gil Lopes, Faisal Augusto Alderete Esgaib, Josema Câmara Feitosa e Maria das Graças Creão.
Crise em Roraima – De acordo com o governo brasileiro, desde 2015 cerca de 160 mil venezuelanos entraram no Brasil por Pacaraima, que fica na fronteira entre os dois países. Desses, a metade ficou no estado. Atualmente, cerca de 4 mil imigrantes estão em abrigos ou nas ruas da cidade, que tem cerca de 12.300 habitantes.
No último sábado (18), moradores do município fronteiriço expulsaram venezuelanos de barracas e abrigos e atearam fogo a seus pertences, em um princípio de revolta contra a presença deles na cidade. A agressão aos imigrantes se deu após um comerciante local ter sido assaltado e espancado em casa, na sexta-feira (17), supostamente por quatro venezuelanos. Após o ataque, cerca de 1,2 mil venezuelanos voltaram para seu país.
Segundo o pároco da Paróquia de Pacaraima, padre Jesus, hoje o clima é de aparente tranquilidade. Crianças venezuelanas deixaram de ir para uma escola mantida pela igreja católica, como também houve redução de 1.200 para 600 das refeições distribuídas diariamente pela paróquia para os venezuelanos. Há ainda, segundo o padre, temor de que o governo venezuelano retalie as agressões com corte de energia e gasolina que abastecem o município brasileiro.
Com informações de Agência Brasil