O principal assunto nos próximos dias são as eleições majoritárias no Brasil. Neste aspecto, valorizar a história do processo eleitoral é muito importante. Se hoje nos vemos envoltos com cotas para que as mulheres participem do processo eleitoral e partidos políticos promovendo algumas situações politiqueiras para cumprir a regra, há sim, desde há muito tempo, mulheres engajadas pela política brasileira.
A participação feminina é marco relevante desta trajetória, que inicia com a eleição da médica paulistana Carlota Pereira de Queirós, como a primeira deputada federal do País.
Seu envolvimento com a política de maneira efetiva foi verificado na Revolução Constitucionalista de 1932, quando junto à Cruz Vermelha, reuniu um grupo de mais 700 mulheres para dar assistência aos feridos que se rebelavam contra o governo provisório de Getúlio Vargas.
O fruto desse trabalho virou uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte, empossada em novembro de 1933. Atuante, elaborou o primeiro projeto sobre a criação de serviços sociais no Brasil. Elege-se novamente exercendo seu mandato até 1937, quando Getúlio Vargas fecha o Congresso Nacional no Estado Novo.
Fundadora da Associação Brasileira de Mulheres Médicas e membro da Academia Paulista de Medicina e da Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires, Carlota também trabalhou em hospitais alemães, franceses e suíços.
Linha histórica
Carlota Pereira de Queirós
1892: nasceu, em São Paulo.
1926: formou-se em Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
1928: chefe do laboratório de clínica pediátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo.
1929: viajou para a Suíça comissionada pelo governo para estudar dietética infantil.
1932: durante a Revolução Constitucionalista organizou a frente de assistência aos feridos.
1933: única mulher eleita deputada à Assembleia Nacional Constituinte na legenda da Chapa Única por São Paulo. Na Constituinte, integrou a Comissão de Saúde e Educação, trabalhou pela alfabetização e assistência social. É sua autoria o primeiro projeto sobre a criação de serviços sociais, bem como a emenda que viabilizou a criação da Casa do Jornaleiro e a criação do Laboratório de Biologia Infantil.
1934: após a promulgação da Constituinte, teve o mandato prorrogado até maio de 1935. Ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Eleita pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, permaneceu na Câmara até 1937, quando foi instaurado o Estado Novo (1937-1945), período em que lutou pela redemocratização do país.
1942: eleita membro da Academia Nacional de Medicina
1950: fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas, da qual foi presidente durante alguns anos.
1964: apoiou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart.
1982: faleceu em São Paulo.