A Carta de Gramado estabelece 16 compromissos assumidos pelos países com o objetivo de melhorar a prevenção e o cuidado da doença em seus respectivos territórios
Reduzir a mortalidade por Acidente Vascular Cerebral (AVC) e promover a saúde mental e o bem-estar da população até 2030. Esses são os principais objetivos da Carta de Gramado, documento assinado pelo Brasil juntamente com mais 12 países da América Latina, durante o XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares, no Encontro Interministerial Latinoamericano de AVC, em Gramado (RS). A assinatura do documento marca o mês de agosto, quando se comemora o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, nesta terça-feira (08). O colesterol alto é um dos fatores de risco do AVC.
O compromisso de avanço nas estratégias de combate ao AVC foi firmado pelo Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. A doença é a segunda causa de morte na maior parte desses países. Atualmente, o Brasil é referência no tratamento do AVC para os demais países da América Latina, já dispondo de Linha de Cuidados em AVC estabelecida como política pública de saúde.
“Nós estamos de uma forma muita clara, objetiva e, principalmente, junto à Sociedade Brasileira de Neurocirurgia verificando tudo aquilo que é necessário dentro da linha de cuidados para avançar cada vez mais no atendimento a pacientes vítimas de AVC”, explicou o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis, durante a apresentação das ações realizadas pela pasta para prevenção, tratamento e reabilitação das pessoas acometidas pelo AVC. Na ocasião, o secretário representou o ministro da Saúde do Brasil.
CARTA DE GRAMADO
O documento destaca 16 compromissos a serem assumidos pelos países. Entre eles estão proporcionar educação da população quanto aos sinais de alerta, urgência no tratamento e controle dos fatores de risco; promover ambientes seguros e saudáveis para estimular a realização de atividade física; implantar políticas para o controle do tabaco; estimular a alimentação saudável, para reduzir o consumo de sal, uso prejudicial de álcool e controlar o peso; visando diminuir a incidência de doenças cardio e cerebrovasculares.
Os compromissos também incluem estabelecer estratégias de detecção de fatores de risco tratáveis como hipertensão, fibrilação atrial, diabetes e dislipdemias; promover a atenção, visando ao controle dos fatores de risco tratáveis; organizar o atendimento pré-hospitalar, priorizando o paciente com AVC; priorizar a estruturação de centros de AVC, organizar unidades de AVC com área física definida e equipe multidisciplinar capacitada, disponibilizar tratamentos de fase aguda baseados em evidência, disponibilizar exames para investigação etiológica mínima, promover alta hospitalar para prescrição de prevenção secundária, estimular o uso de telemedicina nos hospitais sem acesso e especialista em tempo integral para orientação do tratamento agudo.
PANORAMA DO AVC NO BRASIL
Anualmente doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e câncer respondem por 74% dos óbitos e são a primeira causa de mortes no país. Estatísticas Brasileiras indicam que a doença é a causa mais frequente de óbito na população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10% das internações no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2016 foram 188.223 internações para o tratamento de AVC isquêmico e hemorrágico no SUS. Sobre as mortes, a pasta registrou em 2016, no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 40.019 óbitos por AVC.
AVANÇOS NO SUS
O Ministério da Saúde lançou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que tem a expansão da Atenção Básica como uma das principais ações de enfrentamento, uma vez que nessa área é possível resolver até 80% dos problemas de saúde. O conjunto de ações do Governo Federal, com expansão do acesso a serviços de saúde, diagnóstico precoce e tratamento, além das ações de promoção da saúde, como a redução do sódio nos alimentos, já impacta na queda de óbitos precoce por Doenças Crônicas Não Transmissíveis, entre elas, o AVC.
Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde mostra uma redução anual de 2,6% da mortalidade prematura por doenças crônicas entre adultos (30 a 69 anos). Com isso, o Brasil já cumpre a meta para reduzir mortalidade por doenças crônicas parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil 2011-2022. A meta inicial era de reduzir as taxas de mortalidade prematuras em 2% ao ano até 2022.
Para o atendimento especializado, atualmente são 60 estabelecimentos habilitados como Centros de Atendimento de Urgência aos Pacientes com AVC. Com foco na reabilitação de pacientes com lesões neurológicas devido a doença, desde 2012, o Ministério da Saúde habilitou 203 Centros Especializados em Reabilitação (CER) em todo o país, além de 36 Oficinas Ortopédicas.
Fonte: Ministério da Saúde