Pacientes estão sofrendo com a espera para a realização de exames, laudos e até mesmo de cirurgias no Hospital Ouro Verde, em Campinas (SP). Em alguns casos, quem depende do atendimento relata que a demora já chega a seis meses.
É o caso da universitária Bruna Benincasa Schneider, que diz que está com dores desde outubro do ano passado. Foram vários exames até que o médico pediu uma ressonância magnética que foi feita 3 meses depois da data do pedido.
“Eu não consigo levantar, não consigo lavar roupa, não consigo fazer nada no momento. Eu estou, assim, inabilitada”, afirma Bruna.
Na data do exame, o próprio hospital pediu que ela voltasse 15 dias úteis depois pra pegar o resultado, só que aí veio a notícia: faltam médicos pra assinar o laudo.
“Aí eles falaram que não tem médico para dar laudo”, conta a universitária. “[O exame] está parado e eu não consigo ter a certeza do que eu realmente tenho por causa do exame”.
Já o motoboy Marcos Soares Alves teve que esperar para fazer uma cirurgia. Ele sofreu um acidente de moto em abril e quebrou o braço, mas só foi operado após dois meses. Isso, depois de diversos problemas.
“Eu internei três vezes. Eles cancelaram a cirurgia por conta de anestesista, a outra por causa do jogo do Brasil. E a terceira cirurgia, eu entrei no centro cirúrgico, e o cirurgião não sabia do que se tratava. Hora que eu falei para ele que fazia dois meses que eu tinha fraturado o braço, ele cancelou minha cirurgia no centro cirúrgico”.
Só na quarta tentativa ele finalmente foi operado.
Crise
A crise do Hospital Ouro verde já se arrasta há meses. A empresa que fazia a administração, a organização social Vitale, é investigada por desvio de dinheiro da saúde, por isso teve o contrato rompido.
Com isso, a Prefeitura Municipal assumiu a administração. A promessa era de minimizar as dificuldades no atendimentos e melhorar o trabalho. Mas desde então, já foram vários problemas: atraso na entrega de exames, falta de medicamentos, greve de funcionários e médicos, além de demora no atendimento.
No caso da falta de laudos, a conselheira do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) diz que isso já poderia ter sido solucionado. “É um sofrimento muito grande para a pessoa que está aguardando e eu acho que isso poderia ser equacionado em um tempo menor”, diz Silvia Helena Rondina Mateus. Mas também entende que o hospital passa por uma fase de reestruturação. “Durante essa fase de transição, a gente sabe que vai ter que ter um pouco de paciência, porque tem contratos que foram suspensos, tem contratos que já foram refeitos e tem contratos que ainda não foram refeitos”.
“Está todo mundo em compasso de espera. Então, assim, as reclamações diminuíram porque a gente já sabe o que vai acontecer. Então a gente precisa aguardar mesmo que essa transição termine e a gente consiga aumentar o atendimento na capacidade total do hospital”, acrescenta.
O que diz a Prefeitura
De acordo com a administração municipal, os laudos das ressonâncias de urgência estão sento emitidos normalmente no Hospital Ouro Verde. Já em relação aos laudos de exames com data marcada, uma licitação está sendo feita para contratar uma nova empresa.
Sobre os casos da Bruna e do Marcos, a Prefeitura informou que vai apurar o ocorrido.
Fonte: G1 Campinas/ Sindimed Campinas
Foto: Carlos Bassan / Prefeitura de Campinas