A cada dia, em média, 37 crianças e adolescentes se intoxicam ou se envenenam com medicamentos. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base no Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas (Sinitox), em 18 anos houve mais de 245 mil ocorrências. Ao todo, 240 crianças e adolescentes morreram no período.
A presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, disse que diante dos números alarmantes, é necessário redobrar os cuidados.
“Mais da metade dos casos registrados [53%] referem-se a acidentes com crianças de um a 4 anos de idade. Elas são naturalmente muito curiosas e querem colocar tudo na boca, o que faz parte do desenvolvimento. Além disso, os medicamentos da linha pediátrica possuem embalagens coloridas e cheirosas, que estimulam os sentidos da criança”, destacou.
Segundo o levantamento, de todos os episódios de intoxicação ocorridos de 1999 a, mais de 130 mil acometeram crianças com idades entre um e 4 anos. O segundo grupo mais atingido vai de 14 a 19 anos (42.614 casos), seguido daqueles que cobrem de 5 a 9 anos (32.668 registros) e de 10 a 14 anos (24.282).
De acordo com o Departamento Científico de Toxicologia da SBP, a intoxicação pode ocorrer quando as crianças e os adolescentes são submetidos à medicação sem uma prescrição médica ou com base em conselhos de amigos ou outros profissionais da saúde.
“Mesmo com a prescrição médica é preciso ter cuidado, pois as diferenças nas dosagens podem gerar complicações, em especial, quando a medida é feita com base em uma colher de sopa, de sobremesa ou de café”, ressaltou a presidente da SBP.
Números parciais
Para especialistas, os dados apurados via Sinitox estão subestimados, pois a rede reúne apenas as informações de 33 Centros de Informação e Assistência Toxicológicos (CIAT) localizados atualmente em 11 estados e no Distrito Federal (DF). Luciana Silva acredita que é grande o número de relatos de reações adversas que não são comunicadas às autoridades sanitárias. Segundo ela, há situações em que essas ações são consideradas brandas ou confundem-se com sinais e sintomas de outros problemas de saúde.
Já o Sinitox diz que o número de casos de intoxicação e envenenamentos registrados nas estatísticas tem caído em decorrência da diminuição da participação dos CIATs no monitoramento.
Fonte: Destak