O Hospital Nardini, o único público em Mauá, na Grande São Paulo, cancelou todas as cirurgias agendadas por falta de material. A medida é para garantir que as cirurgias emergenciais possam continuar a ser realizadas.
Os procedimentos agendados, cancelados desde a quinta-feira (23), não têm previsão para serem retomados. Exames de rotina também estão sofrendo atrasos, e um equipamento de tomografia chegou a ser retirado do hospital por falta de pagamento.
“Estou há três dias esperando pra fazer ultrassom. Eu consegui hoje, agora sabe deus que horas vai sair o resultado”, diz Maria Guedes, que trabalha como auxiliar de limpeza.
O estoque de materiais também está baixo e sem reposição. Não há mais produtos básicos, como soro fisiológico e glicose.
O hospital, que é administrado pela Fundação do ABC, alega receber da Prefeitura menos que o combinado em contrato, que são R$ 15,2 milhões por mês – os repasses mensais não passam de R$ 12 milhões. Com isso, dizem os administradores, não há como pagar todos os fornecedores e funcionários.
O contrato de gestão da unidade foi prorrogado duas vezes em caráter de emergência, e deve vencer no fim do mês.
Nos últimos dois anos a cidade de Mauá teve ao menos três secretários de Saúde. O prefeito, Átila Jacomussi (PSB), estava preso até semana passada, acusado de lavagem de dinheiro e desvio de verbas que seriam para a merenda da cidade. Ele foi solto pelo ministro Gilmar Mendes, mas continua afastado do cargo.
Quem está no cargo interinamente é a vice, Alaíde Damo (MDB). Na sexta-feira a Prefeitura emitiu uma ordem de pagamento de R$ 500 mil para o hospital, quantia insuficiente para cobrir os custos da unidade.
O Ministério Público foi acionado e deve participar de uma reunião entre a Prefeitura e a fundação nesta segunda-feira.
Em nota, a Prefeitura de Mauá afirma que o contrato com a fundação que administra o hospital passa por revisão e que vai apurar os problemas apontados na reportagem para tentar corrigi-los.