No 13º Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem), confirmado para os dias 26 e 27 de junho, em Brasília um dos assuntos em debate será o impacto do Programa Mais Médicos no mercado de trabalho. Por meio do Programa o governo federal disponibilizou para o atendimento da população milhares de intercambistas, sem revalidação de diplomas, sendo a maioria destes cubanos.
No artigo Mais Médicos – versão cubano-brasileira dos feldsher soviéticos, o médico Francisco Cardoso faz um resgate importante. Ele lembra que na antiga União Soviética (URSS) existia uma figura no serviço público de saúde denominada “feldsher”, ou feldscher em alemão, que eram profissionais da saúde, formados em “saúde básica”, que intermediavam o acesso do povo à medicina oficial, em especial nas áreas remotas, sendo uma espécie de práticos de saúde, ou paramédicos como são chamados hoje em dia.
O sistema cubano de ensino médico reproduziu, a partir do encampamento da Revolução Cubana pela URSS em 1961, esse sistema de formação em saúde. Os médicos cubanos, de verdade, ficam em Cuba, em sua maioria e os “paramedicos” formados em cursos de quatro anos são usados como empréstimo de mão-de-obra técnica, porém “vendida” como médica, para centenas de países a um custo bilionário que fica todo com o regime cubano.
“O programa Mais Médicos implantando pela presidente Dilma e mantido até os dias atuais se enquadra nesta situação. Ao invés de pegar os médicos nacionais, recém-formados ou interessados, e criar uma carreira pública no SUS e solidificar a presença do médico nesses povoados, importa ‘feldsher cubanos’ a um preço caríssimo, travestidos de médicos, ao que seu marketing chamou de Mais Médicos”, avalia Francisco.
O presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Waldir Araújo Cardoso, concorda e acrescenta que a única forma de mudar esta realidade é com o voto nas eleições de outubro. “Este é um ano importante para o Brasil em que precisamos eleger políticos comprometidos com a saúde e com a valorização de profissionais de qualidade para a população. O movimento médico também precisa estar forte e por isto a importância de discutirmos nossas propostas no Enem. Somente com debate e nas urnas poderemos decidir se queremos médicos ou feldsher”, comenta.