Médicos da rede pública de Mococa se reuniram na noite de quinta-feira, dia 7, em assembleia com o Sindicato dos Médicos de Campinas, Região e Vale do Paraíba (Sindimed) para discutir possíveis soluções ao caos instalado na saúde do município. Desde o dia 1º de junho, 45 médicos deixaram de atender a população por discordarem da abusiva política de contratação imposta pela atual responsável pela gestão dos médicos, a empresa In Saúde.
A terceirização de serviços proposta pela atual gestora inclui dispensar profissionais da cidade com mais de vinte anos de serviços prestados, importar médicos com menores salários e, pasmem, subcontratar a empresa Bem Viver, do Rio de Janeiro, para intermediar a relação com a Prefeitura, a In Saúde, e, finalmente, os médicos.
A In Saúde vem ameaçando os profissionais, obrigando os médicos a se tornarem sócios da empresa para que assim possam continuar trabalhando, além de desassistirem a população diminuindo plantonistas na UPA e jogando a população necessitada para as portas da Santa Casa. Tudo isso com o apoio do Prefeito e do Secretário de Saúde, que se posicionam inertes aos acontecimentos.
Na tentativa de emplacar mais uma empresa intermediária para morder o dinheiro da saúde municipal, vale tudo: dizer que os médicos não cumprem horário; que está tudo normal apesar das filas na UPA; exigir que os médicos se associem de forma fraudulenta com essa quadrilha que já fez estragos outras cidades e estados do Brasil. Os médicos não vão pactuar com esse desmonte do sistema de saúde de Mococa! A população é quem mais vai sofrer com essas alterações quase criminosas na gestão da saúde, patrocinadas pelo prefeito sob alegação de uma responsabilidade fiscal, mas sem explicar como a entrada de mais um intermediário diminui custos.
Agora, além pedir o apoio da população e da sociedade civil organizada para se juntar a essa luta, a decisão tomada ontem pela categoria é a de pressionar o poder público para garantir a continuidade dos serviços.
O Ministério Público Estadual será acionado para auxiliar na busca de uma solução negociada que restaure a normalidade na assistência. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) já abriu sindicância para apurar a invasão de médicos sem compromisso com a população local e com a ética. O Sindimed, juntamente com a Associação Paulista de Medicina (APM) de Mococa, estão atentos e ativos para garantir condições de assistência ao trabalho médico da cidade.
A população de Mococa não deve se deixar enganar, o mesmo processo se deu em Campinas e foi parcialmente sanado com a intervenção do Ministério Público e com a mobilização popular na garantia de seus direitos, com qualidade.
Moacyr Perche
Presidente do Sindimed Campinas, Região e Vale do Paraíba
Fonte: Sindimed Campinas