Ainda que um pouco mais da metade dos brasileiros avaliem a saúde brasileira como “ruim” ou “péssima”, a grande maioria (88%) afirma querer que o SUS (Sistema Único de Saúde) seja mantido como modelo de assistência de acesso universal, integral e gratuito.
Os dados são de uma pesquisa do Datafolha encomendada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), que ouviu 2.087 homens e mulheres de todos os Estados brasileiros, com idade superior a 16 anos ou mais. As entrevistas foram realizadas em maio deste ano.
Apesar de terem se manifestado pela manutenção do programa, o SUS é considerado bem administrado por apenas 13% dos entrevistados.
A maioria apontou a falta de recursos (53%) e o despreparo dos gestores (62%) como problemas do sistema criado em 1988 no país.
Além disso, 73% dos entrevistados discordaram da frase “O SUS hoje consegue atender bem a todos, em igualdade de condições”. A maior dificuldade, segundo a pesquisa, está no acesso a consultas com médicos especialistas, quesito em que 74% a classificaram como “muito difícil” ou “difícil”.
Foram apontadas também dificuldades de acesso a cirurgias (68%), internações hospitalares em leito de UTI (64%), exames de imagem (63%) e atendimento com profissionais não médicos (59%).
Em contrapartida, o acesso a vacinas foi classificado como “fácil” e “muito fácil” por 87% dos entrevistados.
Dobram reclamações por tempo de espera
O tempo de espera é o fator com avaliação mais negativa do Sistema Único de Saúde. Ele acumula os piores resultados dentre os vários aspectos relacionados ao atendimento, avalia o Conselho Federal de Medicina. Trata-se do maior gargalo da rede pública para 61% dos entrevistados que buscam uma cirurgia, 56% dos que precisam de um exame de imagem e para 55% dos que aguardam uma consulta.
No período de realização da pesquisa, do total de entrevistados 34% aguardavam fazer uma cirurgia, 32% buscavam uma consulta médica e 31%, exames. Porém, chama a atenção que o SUS está levando mais tempo para responder às solicitações. Em 2014, uma pesquisa do mesmo tipo identificou que 29% dos que haviam pedido exame, cirurgia ou consulta ainda aguardavam um desfecho após seis meses. Em 2018, esse percentual passa a ser de 45%, quase duas vezes maior.
O mesmo fenômeno ocorre com o percentual dos que aguardam há mais de 12 meses. Em 2014, esse índice era igual a 16% dos entrevistados que haviam feitos pedidos específicos. Quatro anos mais tarde, a espera atingia 29% dos que estavam nessa categoria, ou seja, praticamente duas vezes mais.
Qual é a solução para o SUS?
Entre as soluções para aumentar a efetividade do SUS, os entrevistados apontam o combate à corrupção (26%), a redução do tempo de espera dos procedimentos (18%), a fiscalização dos serviços (13%), a construção de mais postos de saúde e hospitais (11%) e a oferta de melhores condições de trabalho e de remuneração aos médicos (9%).
A oferta de práticas alternativas ao SUS –tais como os “planos populares” recentemente propostos pelo atual governo federal– foi apontada como uma solução para apenas 1% dos entrevistados.
Fonte e foto: UOL