O Sindicato dos Médicos do Ceará denunciou nesta segunda-feira (2) a falta de segurança nas unidades de saúde de Fortaleza após ameaças de supostos membros de uma facção criminosa priorizasse o atendimento a mulher de um deles, que iria passar por um processo de parto. A ameaça ocorreu na noite do dia 29.
Em nota divulgada pelo Sindicato dos Médicos, os profissionais de saúde também criticam a atuação da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que questionou a falta de registro de boletim de ocorrência na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) ou delegacias responsáveis.
“É razoável considerar o sentimento de medo pelo qual passam os profissionais envolvidos na ocorrência e que a falta de tal registro formal nos órgãos de segurança não exime a SSPDS de suas responsabilidades, especialmente em face da ampla divulgação e comprovação mediante relatos das entidades representativas da categoria médica”, diz a nota.
Os profissionais de saúde também cobram segurança armada 24 horas nas unidades de saúde. Relembramos tratar-se de pleito da categoria desde julho de 2016 […]. Deseja-se que fatos lamentáveis como esse, que transformam o exercício da Medicina em uma profissão de risco, não se repitam, pois levam àqueles que se dedicam a salvar vidas ao sofrimento e desestímulo”.
Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde do Município (SMS), por sua vez, rechaça a versão apresentada pelos médicos. Em nota, a SMS afirma que na sexta-feira, a equipe de plantão do Hospital Gonzaguinha de Messejana atendeu duas pacientes gestantes (de 36 e 39 semanas) “que chegaram a fazer ameaças verbais para que fossem atendidas e que realizassem parto por meio de cesariana com prioridade em relação às demais pacientes”.
A secretaria diz, ainda, que “independentemente disso [das ameaças verbais], as usuárias foram prontamente atendidas, conforme grau de urgência e protocolo da unidade hospitalar”. A SMS ressalta por meio da nota que as unidades hospitalares do município de Fortaleza contam com efetivo de guardas municipais que atuam durante 24 horas.
Secretaria de Segurança
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que, em nenhum momento, questionou a falta de registro da ocorrência como descrito na nota divulgada pelos profissionais de saúde. Disse, ainda, que a Polícia Civil está apurando as ameaças proferidas por duas gestantes contra funcionários do hospital.
A Secretaria afirma que um ofício foi encaminhado, na segunda-feira (2), pelo delegado titular do 6º Distrito Policial, Bruno Figueiredo, ao diretor responsável pela unidade de saúde para que ele apresente na delegacia os funcionários que foram ameaçados. “O crime de ameaça necessita de representação, ou seja, só pode ser encaminhado para a Justiça, após as vítimas serem ouvidas”, diz a nota. A Secretaria da Segurança Pública afirma que não houve a presença de pessoas armadas na unidade de saúde.