As agressões verbais sofridas por uma equipe médica, na semana passada, em Fortaleza, trouxeram de volta a discussão a respeito da segurança dos profissionais da saúde no exercício da atividade.
No dia 30 de março, foram espalhados boatos nas redes sociais de que homens armados teriam invadido o Hospital Gonzaguinha de Messejana e obrigado os médicos a realizem o atendimento de duas mulheres grávidas.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) esclareceu que não houve nenhum registro do tipo.
Já a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) fala que a equipe de plantão atendeu a gestantes. Elas fizeram ameaças verbais para que fossem atendidas com prioridade e exigiram que fosse feito o parto por cesariana. Ainda de acordo com a Secretaria, o procedimento foi realizado dentro do protocolo do hospital.
O secretário geral do Conselho Regional de Medicina (Cremec), Ivan Cavalcante, afirma que já houve conversas com os órgãos de segurança pedindo reforço nas unidades de saúde, mas que nada foi feito. Segundo o médico, não são raras as ameaças e até agressões contra os profissionais.
“Realmente é muito difícil. O grande problema que nós enfrentamos é a falta de segurança que está se estendendo para os hospitais, e isso é muito preocupante. Nós já chamamos a atenção, já fomos conversar com o secretário de segurança, naquela ocasião houve uma promessa de que já estava havendo uma negociação com o estado, com a secretária de saúde do estado de colocar homens armados em hospitais”.
Com isso, surge outra questão. Até que ponto um médico é responsável por um procedimento feito sob ameaças ou risco de morte? O doutor Ivan Cavalcante lembra que, em casos assim, é preciso uma investigação criteriosa.
“O médico tem sua autonomia e tem que ser respeitada. Agora, casos concretos deviam ser estudados, verificar em que situação o médico tomou aquela atitude e ver se o médico agiu ou não dentro dos princípios éticos. Não é fácil responder de um modo genérico”.
A cooperativa dos ginecologistas e obstetras do Ceará emitiu uma nota repudiando a violência sofrida pela equipe médica, e reafirmando que este é apenas mais um episódio de violência contra profissionais da saúde no
exercício da atividade e que a ação abre um perigoso precedente.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec) disse apenas que as unidades hospitalares do município contam com efetivos da guarda municipal que atuam 24 horas por dia.
A Tribuna Band News FM procurou a secretaria estadual de segurança para esclarecer como é feita a segurança nos hospitais, mas até agora não houve resposta.
Fonte: Tribuna do Ceará