Na semana passada, dirigentes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) estiveram na Assembleia Legislativa para pedir que os projetos que tramitam na Casa sobre a reestruturação do Instituto de Previdência do Estado (IPE) não sejam votados. O Simers fez duras críticas à urgência que o governo solicitou na tramitação das propostas que preveem a separação entre IPE-Previdência e IPE-Saúde.
O diretor do Simers, Jorge Eltz, acredita que a separação do Instituto tende a aumentar as despesas do Estado, já que serão duas autarquias ao invés de uma. Segundo Eltz, com essas mudanças, o objetivo do governo é privatizar o órgão. “Uma coisa que chamou a atenção no projeto é que o governo passa todos os bens imóveis do IPE, e que foram dados ao Instituto em pagamentos de dívidas que o Estado tinha, para o governo de novo. E quanto ao IPE-Saúde, que tem uma carteira de um milhão de usuários, a nossa preocupação é que no futuro ele possa ser privatizado. Isso não aparece nos debates, o governo não vai dizer, mas é a nossa grande preocupação”, afirma Eltz.
O dirigente do Sindicato, também, criticou o governo por não reajustar os honorários dos médicos que atendem pelo IPE-Saúde. Eltz cobra esclarecimentos sobre o destino da receita, que, segundo ele, cresceu mais de 54% em cinco anos, enquanto os médicos credenciados estão com os honorários congelados desde 2011.
Segundo o deputado da base de apoio ao governo Sartori, Tiago Simon (MDB), as propostas de reestruturação do IPE são necessárias. O parlamentar não quis comentar a crítica do diretor do Simers, mas afirmou que os projetos não são para a privatização. “O que se vê é que o sistema previdenciário do Estado é altamente deficitário e o sistema de saúde do IPE tem problemas de gestão. Quem conhece os números do Instituto sabe da necessidade da reestruturação. O projeto não prevê, de forma alguma, a privatização, mas sim a viabilização do órgão”, explicou Simon.
Na última semana, o plenário da Assembleia Legislativa adiou pela segunda vez consecutiva a apreciação dos projetos do Executivo que modificam a estrutura do Instituto de Previdência do Estado. As propostas, que criam as autarquias IPE Saúde e IPE Prev, estão tramitando em regime de urgência e trancam a pauta de votações no Legislativo.
Fonte: Felipe Vieira
Foto: Simers