Embora a Paraíba tenha a segunda maior proporção de médicos por habitantes da região Nordeste, contando com uma média de 1,68 profissionais para cada mil moradores, ficando atrás apenas de Pernambuco (na razão de 1,73), mais de 60% desses profissionais estão concentrados em João Pessoa. Os dados são da pesquisa ‘Demografia Médica 2018’, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina, divulgada esta semana.
Enquanto na capital paraibana existem 4.107 médicos para 811 mil moradores, o restante do estado conta com apenas 2.646 profissionais para atender mais de três milhões de habitantes.
O levantamento, realizado pela realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com apoio dos Conselhos Federal de Medicina e Regional de São Paulo, também aponta que a especialidade pediátrica concentra o maior número de especialistas no estado, sendo 658, seguida pela clínica médica, com 652, ginecologia e obstetrícia, com 519 e cirurgia geral, com 477.
Contudo, as especialidades de medicina esportiva, genética médica, nutrologia, radioterapia, cirurgia de mão e cirurgia oncológica não chegam a somar, juntas, 40 profissionais em atuação na Paraíba.
Ao todo, 58,9% dos médicos no estado são especialistas, ao passo que 41,1% são generalistas. E embora a diferença entre o número de homens e mulheres em atuação na área tenha diminuído em todo o país, na Paraíba, 52,5% dos profissionais ainda são homens. Além disso, a pesquisa indica que a idade média dos profissionais também tem se tornado menor, sendo de 46,2 anos no estado e um resultado da criação de novos cursos de Medicina.
CRM acompanha concentração de médicos
Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), João Medeiros, essa situação vem sendo acompanhada pelo órgão. “Esse realmente é um problema que não é de hoje, há muito tempo há esse problema da concentração dos médicos na capital e infelizmente as cidades menores ficam desprovidas, por falta de políticas que favoreçam a interiorização do médico”, explicou.
De acordo com o presidente, a criação de um plano de carreira para os profissionais, no qual eles iniciariam em cidades do interior e posteriormente teriam a possibilidade de ir para a capital, seria uma saída viável para a condição atual. “A gente tem defendido a criação de uma carreira de estado, semelhante à que existe no judiciário. O médico faz concurso e vai crescendo, com uma remuneração justa, com tempo integral e dedicação exclusiva”, destacou.
Além disso, para o diretor do CRM-PB, a criação de novas vagas ou cursos de medicina não seria a melhor solução para suprir as necessidades da população. “Criar várias escolas de medicina não faz com que o médico se fixe no interior, por mais que os cursos sejam lá. A tendência é que o médico se forme no interior, mas não fique lá”, ressaltou.
Fonte: G1
Foto: CC0 Public Domain/Divulgação