Com população de pouco mais de 9 milhões de habitantes, o Ceará tem 12.652 médicos, o que representa média de 1,4 médicos por grupo de mil habitantes. O Brasil contava, em janeiro de 2018, com 452.801 médicos, o que dá uma razão de 2,18 médicos por mil habitantes. O Sudeste é a região com maior densidade médica por habitante (razão de 2,81) contra 1,16, no Norte, e 1,41, no Nordeste.
Os dados constam da pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio do Conselho Federal de Medicina e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, e divulgado nesta terça-feira (20).
O levantamento usou bases de dados da Associação Médica Brasileira, Comissão Nacional de Residência Médica, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério da Educação. Os números “materializam um quadro de desigualdade na distribuição geográfica medido também entre os estados, as capitais e os municípios do interior”, diz o estudo.
Entre todas as unidades da federação, o Distrito Federal tem a razão mais alta, com 4,35 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,55. Depois de São Paulo (razão de 2,81), o Rio Grande do Sul tem razão de 2,56; Espírito Santo, 2,40; e Minas Gerais conta com 2,30 médicos por mil habitantes. Na outra ponta estão estados do Norte e Nordeste. O Maranhão mantém a menor razão entre as unidades, com 0,87 médico por mil habitantes, seguido pelo Pará, com razão de 0,97.
Capitais
Se a comparação entre regiões e unidades da federação traz um olhar macro sobre a desigualdade, quando se separam as capitais e as cidades do interior as diferenças se destacam ainda mais. Em Fortaleza, que estão concentrados 75,3% dos médicos do estado, o que representa um total de 9.533 profissionais para atender uma população de pouco mais de 2,6 milhões de habitantes. No País, as capitais das 27 unidades da federação reúnem 23,8% da população e 55,1% dos médicos.
Em síntese, mais da metade dos registros de médicos em atividade se concentra nas capitais, onde mora menos de um quarto da população do País. A razão das 27 capitais é de 5,07 médicos por mil habitantes. No interior, esse índice é 1,28, ou seja, 3,9 vezes menor. Um quadro diferente se observa nas regiões Sul e Sudeste, onde, além de maior taxa de médico por habitantes nos estados como um todo, há uma presença importante de profissionais nas cidades do interior.
Mulheres
No Ceará há uma predominância de homens na profissão: do total de 12.652 médicos, 7.232 são do sexo masculino, 57,2% do total, enquanto as mulheres na profissão somam 5.420 ou 42,8%. Entre os estados, em apenas dois as mulheres ultrapassaram os homens no exercício da medicina: no Rio de Janeiro, onde somam 50,8% dos profissionais, e em Alagoas, com 52,2%.
“Desde 2004 as mulheres são maioria nas escolas médicas, e desde 2009, a maioria em inscrições nos CRMs. Cada vez estamos mais próximos de seguir a tendência das estatísticas de população no Brasil, em que as mulheres representam mais de 51%. Em 18 especialidades elas já são maioria, o que foi conquistado pelo mérito, premiando a qualidade, desde a aprovação dos vestibulares”, analisa o presidente da Associação Médica Brasileira, Lincoln Ferreira.
Especialidades
O estudo mostra um dado preocupante. Juntas, quatro especialidades representam 38,4% de todos os títulos de especialistas no País. Clínica Médica tem 42.728 titulados, ou 11,2% do total. Pediatria, 39.234 titulados (10,3%). Cirurgia Geral reúne 34.065 especialistas (8,9%). E Ginecologia e Obstetrícia tem 8% dos titulados, ou 30.415.
Na sequência das especialidades com mais número de títulos estão Anestesiologia (com 6%), Medicina do Trabalho (4,2%), Ortopedia e Traumatologia (4,1%), Cardiologia (4,1%), Oftalmologia (3,6%) e Radiologia e Diagnóstico por Imagem (3,2%). Essas seis especialidades, somadas às quatro básicas, representam 63,6% de todos os títulos. As primeiras 20 especialidades reúnem 80,4% dos profissionais titulados.
Os outros 19,6% estão distribuídos pelas demais 34 especialidades. Oito delas têm menos de mil titulados cada. Genética Médica é a especialidade com menor número de titulados: são 305, ou 0,1% do total.