Pacientes e funcionários do Hospital Florianópolis, na parte continental da capital, relatam problemas durante a transição de gestão da unidade. Neste sábado (24), houve falta de medicamentos e profissionais. Funcionários reclamam de falta de informação e retirada de documentos, como mostrou o NSC Notícias.
Sobre o recolhimento de documentos, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) informou que nenhum documento retirado irá prejudicar o funcionamento do hospital. A Secretaria de Estado da Saúde informou que não sabia dessa retirada de papéis e que vai investigar o caso.
Neste sábado, a SPDM começou a desocupar o hospital. Na noite de sexta (23), ela recebeu a notificação da Secretaria de Estado da Saúde, que informava a rescisão unilateral. A secretaria disse que o rompimento tem como motivo o descumprimento do contrato por parte da empresa, mas não passou mais informações.
Atendimento prejudicado
A ordem é manter todos os atendimentos, mas faltam remédios e materiais. Muitos pacientes procuram outras unidades.
Uma menina de 3 anos estava com 39 graus de febre, mas não conseguiu ser atendida na tarde deste sábado. “Pediram para eu voltar pra casa porque eles foram todos demitidos. Daí não tem pediatra, não tem atendimento”, disse Lutiellen Dias, responsável pela criança.
Documentos
Dentro do hospital neste sábado, havia armários vazios e pilhas de arquivos. Dois carros e, posteriormente, um caminhão com placas de São Paulo chegaram para levar uma parte dos materiais.
Pelo que os funcionários contam, a SPDM estaria levando documentos, objetos de propriedade da empresa e dados dos computadores para São Paulo.
No começo da tarde, começaram a circular denúncias de que a administração estava abrindo os armários dos funcionários sem eles saberem.
“Eles entraram na sala de controle de infecção hospitalar, na sala de ouvidoria. As pessoas responsáveis por esses setores que tinham as chaves e foi tudo aberto. Sem comunicar ou chamar qualquer um dos funcionários”, disse um trabalhador que não quis se identificar.
Mesmo funcionários que não estavam de plantão foram verificar o que estava ocorrendo. A técnica de enfermagem Renata dos Santos veio ver se a direção levaria os papéis do controle da infectologia.
“É ali que eu vejo se a situação do paciente está agravando ou não”, explicou. Ela disse ainda que, caso os documentos sejam levadas, terá que refazer algo que já estava pronto: “Vou começar a ter uma planilha novamente e começar a remontar um trabalho constituído já desde quando a empresa entrou aqui”.
A diretora do hospital negou, por telefone, todas as acusações. “Não tem nenhum armário arrombado. Tudo o que está aqui está sendo aberto com chave”, disse.
Transição de gestão
A SPDM fazia a gestão do Hospital Florianópolis desde 2014. A Secretaria de Estado da Saúde informou que a nova gestora será o Instituto Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), a partir da próxima semana. A empresa já administra o Hospital Regional de Araranguá, no Sul.
Na própria sexta, os 600 funcionários do Hospital Florianópolis já começaram a receber o aviso prévio de demissão. O sindicato da categoria explicou que, como a unidade está em período de transição para uma nova administração, os trabalhadores precisam ser demitidos para serem recontratados pela nova gestão.
A secretaria prometeu aos funcionários que eles vão trabalhar por um tempo na nova gestão. Porém, por enquanto, o clima é de incertezas. “A gente não sabe nem como vai ser o plantão de hoje à noite, nem como vai ser o dia de amanhã, nem como vai ser segunda-feira”, disse um funcionário que não quis se identificar.
Fonte: G1
Foto: Marco Santiago/ND