Pacientes assistidos no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam-UPE), localizado no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, denunciam superlotação e falta de assistência médica às mulheres grávidas na unidade. O local é um dos centros de maternidade referência para cuidar de casos de alto risco, mas desde o início de janeiro recebe pacientes diversos, com problemas simples e graves, sem ter espaço para abrigar a todos.
“Desde domingo à noite eu espero um atendimento. Fiquei na sala de triagem até ontem, quando fui transferida para a sala de auto risco”, reclama uma das pacientes que estava no local. Segundo a estudante de direito, que preferiu não ser identificada, o seu caso não é único. Outras mulheres grávidas também enfrentam a mesma situação. “À noite não tem médico e nem sala de parto, apenas enfermeiros”, enfatiza.
De acordo com a obstetra e Vice Presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Claudia Beatriz, desde segunda-feira, 29, as unidades comportam quase o dobro de pacientes que os espaços permitem. As salas de pré-parto, UTIs e UCIs são focos de superlotação. “A sala de cuidados intermediários (UCI) é capaz de assistir 15 pacientes, na segunda-feira, haviam 27”.
Ainda de acordo com Claudia, esta é uma realidade triste, a crise no sistema de saúde afeta unidades hospitalares de todo o estado. Hospitais de referência como o Imip, Barão de Lucena, Agamenon Magalhães e HC também há registro de superlotação, e a explicação é simples: não há unidades suficientes para atender todos os pacientes no estado. Mas este, é apenas um dos problemas enfrentados pelo sistema.
No início de janeiro, grupos de médicos foram às ruas protestar pela carência de profissionais nas unidades e materiais básicos para consulta dentro do sistema público de saúde. Falta de luvas e gazes, infraestrutura precária de centros e segurança nas localidades foram um dos principais assuntos, que segundo a obstetra e vice-presidente do Simepe, é apenas um “efeito cascata”.
“Não temos no estado uma maternidade que estaja funcionando com o número de profissionais que deveria. Então, se nem o ‘básico’ existe, imagina quando há uma superlotação”, explica. A falta de profissionais, no entanto, deve ser identificada pela gestão de cada hospital, bem como a contabilidade de todo o material hospitalar que por ventura falte na unidade, o que, segundo Claudio, um dos mais tantos problemas.
“Se há 15 salas na unidade, o material hospitalar comprado será para suprir esses 15 locais. Se há uma superlotação, claro que vai faltar”, explica. O mesmo processo também se aplica para o atendimento dentro das salas de alto risco. “No caso da paciente que teve de esperar até ontem para sair da sala de triagem é isso. Ela precisava esperar vagar o local”.
Outros casos
Ainda em 2017, no mês de outubro, outra denúncia de superlotação chegou a ser registrada no Recife. Funcionários do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, denunciam “caos” na unidade. Na época, foi afirmado que, na sala de recuperação pós anestésica, estavam internados 70 pacientes, para um local onde a capacidade era de 23 leitos.
Em resposta, a direção do hospital afirmou que a unidade estava passando por uma reforma quee deveria chegar ao fim no início de 2018. Em nota, concluiu ainda que “apesar do grande quantitativo de pacientes, o HGV mantém suas portas abertas e não recusa nenhum usuário, garantindo a assistência a todos que dão entrada na emergência”.
Fonte e foto: Diário de Pernambuco