A noite da quarta-feira, 24 de janeiro, vai ficar por um bom tempo viva nas mentes e corações de quem compareceu à sede do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). Foi a inauguração do cineteatro do Sindmepa, uma cerimônia cheia de alegria e otimismo, que ofereceu cultura e história aos presentes. Mostrou que é possível empreender mesmo na crise, e abriu novas possibilidades de difusão de ideias e cultura numa cidade carente desses espaços.
Uma noite chuvosa, típica de Belém em janeiro, com apagão em metade da cidade e trânsito infernal. Mesmo assim, mais de 50 pessoas – entre médicos, jornalistas e críticos de cinema – atenderam ao convite do sindicato para a inauguração da sala de cinema, teatro, palestras e teleconferências.
Um espaço de múltipla utilidade que vai absorver tanto atividades de atualização científica dos médicos e acadêmicos quanto atividades de entretenimento e cultura da cidade de um modo geral, com a projeção de filmes e pequenos espetáculos teatrais.
“A sala vem se somar ao circuito alternativo da cidade onde temos o Olympia, espaço do CCBEU e Líbero Luxardo, onde se vêm filmes que não tem espaço nas grandes salas de cinema. Num país como o nosso em que os recursos para a cultura estão cada vez mais minguados, são muito louváveis iniciativas da sociedade civil como essa do sindicato dos médicos”, apontou o jornalista e crítico de cinema, Augusto Pacheco, membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará. Pacheco foi à cerimônia de inauguração do cineteatro Sindmepa para conhecer o espaço e rever o filme Olhos D’Água – Da Lanterna Mágica ao Cinematographo.
O diretor de Olhos D’Água, Eduardo Souza, que participou da inauguração do espaço, se disse feliz com a indicação de seu filme para a abertura do cineteatro e surpreso com o empreendimento dos médicos. “Iniciativas como essas são extremamente positivas e merecem todo tipo de apoio, porque a cidade precisa de espaços como esses. Belém, que teve a primeira sala de ópera do Brasil, os primeiros teatros, os primeiros cinemas, hoje, infelizmente, é extremamente carente desses espaços cênicos”, destacou Eduardo.
Idealizador do cineteatro, o diretor de comunicação do Sindmepa, Wilson Machado, disse que nesse momento de dificuldades financeiras que o país atravessa não deixa de ser uma iniciativa audaciosa um empreendimento como o cineteatro, destacando que a administração responsável é que faz a diferença na hora de escolher o caminho a seguir. Ele ressaltou que o Sindmepa sempre sonhou com a construção de uma sala de projeção adequada e confortável para os seus usuários e o cineteatro Sindmepa veio suprir essa lacuna, superando a expectativa. Além de agregar mais um serviço à categoria médica, a cidade também ganha com mais um espaço de uso cultural e artístico.
O presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Waldir Cardoso, também diretor do Sindmepa, lembrou que o sindicato do Pará é um dos mais bem equipados do Brasil. O único sindicato médico com estrutura maior que a do Sindmepa é a do Rio Grande do Sul, destacou. “Porém, ainda precisamos avançar, ampliando nossa base de associados. Temos 2000 médicos, mas queremos ir ainda mais além, porque só juntos podemos realizar sonhos como a inauguração desse cineteatro, um sonho acalentado há tantos anos”, disse.
Também se pronunciaram na inauguração o presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), Eduardo Costa e o presidente da Sociedade Médico-cirúrgica do Pará, José Rufino. “Sindicatos que não se reinventarem não sobreviverão e o sindicato dos médicos firma-se definitivamente como referência para outras entidades”, disse Costa. Rufino parabenizou o sindicato pela iniciativa e se disse honrado em participar de um momento tão rico culturalmente.
O espaço
O engenheiro responsável pela obra, Adilson Machado, e Randerson Andreus, TI da HT Center, responsável pelo projeto de automação, falaram durante a cerimônia sobre a funcionalidade do espaço. Com capacidade para 97 pessoas, o cineteatro permite a um click o acesso a todos os recursos funcionais do espaço. A partir de um smartphone, tablet ou controle universal, o usuário pode acessar todo o projeto de iluminação, opções de formato de teatro ou cinema ou ainda de apresentação de palestras e teleconferências. Poltronas personalizadas e um projeto de climatização garantem maior conforto ao usuário.
Após a exibição do novo filme institucional do Sindmepa, o público pôde assistir finalmente o filme de Eduardo Souza, documentário que relata os primórdios do cinema na Amazônia e mostra uma Belém dos tempos idos.
O filme
Olhos D´Água – Da Lanterna Mágica ao Cinematographo” – Busca as origens do pré-cinema brasileiro através dos ambulantes e aventureiros que ‘fizeram as Américas’, e aqui chegaram por um dos portos então mais importantes do mundo, fazendo história na efervescente capital paraense. Traça um panorama sobre a Belém do século XIX e início do século XX, e seu papel de vanguarda no cenário cultural mundial.