Usuários e médicos que atuam no Hospital Ouro Verde, alvo de operação do Ministério Público (MP) pelo suposto desvio de verbas da saúde, reclamam que os problemas na unidade continuam um mês após a Prefeitura de Campinas (SP) assumir a gestão no lugar da Organização Social (OS) Vitale. Demora no atendimento, ausência de profissionais, falhas na infraestrutura e falta de materiais e medicamentos são comuns no hospital.
Pacientes registraram em vídeo a situação dentro do Ouro Verde na noite de quarta-feira, 3 de janeiro, quando algumas pessoas chegaram a esperar mais de 8 horas por atendimento. Uma funcionária do hospital confirmou à EPTV, afiliada TV Globo, que a demora é “comum”.
O controlador de acesso João Batista reclamou da demora no atendimento. Sua filha procurou o Ouro Verde com cólica de rim e tinha de encarar uma longa espera para ver o médico.
“É um absurdo. A gente paga impostos, infelizmente depende do atendimento médico e é isso que acontece.”
Documentos obtidos pela EPTV comprovam a falta de medicamentos, incluindo remédios como a dipirona e soro fisiológico. O médico Márcio Augusto Marques classifica o cenário como precário, relata que a Prefeitura “descobre um santo para cobrir outro”, e diz que cirurgias apenas de urgência e emergência são realizadas atualmente.
“Os materiais são retirados do Mário Gatti e trazidos para cá, e daí faltam lá. Na cirurgia, estamos sem o aparelho de videolaparoscopia (…). O aparelho estava consignado e como a Vitale não honrou seus pagamentos, a empresa veio e retirou (…)”, contou.
Leitos fechados
Um relatório elaborado pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp) em dezembro aponta problemas na infraestrutura da unidade. Segundo o documento, a Comissão de Intervenção do Hospital Ouro Verde fechou 20 leitos da UTI Adulto por causa de problemas no funcionamento do ar-condicionado e 14 pacientes foram transferidos.
Responsável pela comissão de intervenção no Ouro Verde, Marcos Pimenta reconhece a deficiência no atendimento. “Nós temos os médicos que são contratados diretamente ou pela Vitale, que estão atuantes, e nós temos as empresas que eram prestadoras da OS Vitale, estas sim, algumas suspenderam as suas atividades por falta de pagamento e que agora nós estaremos repondo, já nos primeiros 15 dias de janeiro”.
Pimenta disse que, em um primeiro momento, materiais e medicamentos estavam sendo compartilhados com outras unidades de saúde e que, na semana passada, as compras já começaram a ser feitas em nome do Ouro Verde.
Sobre o fechamento dos leitos da UTI Adulto, o diretor informou que o setor segue fechado para manutenção geral e que a previsão é que o atendimento seja retomado nas próximas semanas.Em relação às cirurgias eletivas, a Prefeitura de Campinas nega que elas estejam suspensas.
O relatório elaborado pelo Cremesp sobre os problemas no Hospital Ouro Verde será encaminhado aos gestores da unidade e ao Ministério Público.
Fonte: G1
Foto: Reprodução/EPTV