Dos 122.030 atendimentos registrados em 2017 no Hospital de Emergência (HE) de Macapá, 102.875 deles poderiam ter sido feitos na rede básica, o que representa 85% da demanda dos serviços. Os dados foram divulgados pela a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Entre os serviços mais procurados pela população estão consulta médica, exames, troca de sonda, manipulação de injetáveis e raio-X. De acordo com o diretor do HE, Waldir Bittencourt, os atendimentos de média e de baixa complexidade dificultam o acesso aos de emergência.
“A unidade básica, através do programa de saúde da família, entra aonde não podemos entrar que é na casa das pessoas […]. Infelizmente é preciso fortalecer essa rede de saúde. Isso faz com que o HE, que já está superlotado, seja ainda mais sobrecarregado”, explicou.
Bittencourt atribui o aumento da demanda após duas unidades básicas de saúde, da Zona Sul da capital, entrarem em reforma em 2017. Ele conta que os corredores ocupados com pessoas no chão são de casos de baixo risco de vida.
A UBS Lélio Silva, no bairro Buritizal, entrou em reforma em 30 de março. Já a UBS do bairro Congós o trabalho começou no dia 18 de abril. Ambas tinham previsão de entrega após 120 dias do início das obras.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informou que as duas unidades estão com previsão de serem entregues para a população no primeiro semestre de 2018. Não foi informado o motivo dos atrasos.
A prefeitura destacou que transferiu os atendimentos da UBS do Congós para o Centro Comunitário Santa Terezinha, no mesmo bairro. Com a suspensão dos serviços 24h da Lélio Silva, três unidades passaram a funcionar no mesmo período: as UBSs Rubim Aronovitch, no bairro Santa Inês; Perpétuo Socorro e Marcelo Candia, no bairro Jardim Felicidade.
A coordenadora Municipal de Saúde, Tânia Vilhena, explica que tanto o governo, quanto a prefeitura seguem recomendações do Sistema Único de Saúde (SUS), no qual determina que o Hospital Emergência inclua também a oferta de serviços básicos.
“Em questão de urgência, o HE é porta de entrada para esse tipo de atendimento, isso está compactuado dentro das nossas redes de atenção a saúde. Nas nossas UBSs, atendemos em caráter de 18 a 24 horas”, reforçou.
Segundo Tânia, a Coordenadoria Municipal busca emenda para comprar de equipamentos papara implantar a oferta de exames de raio-x, que é de competência do governo, por se enquadrar em serviço de médio complexidade. Ela enfatiza que a rede municipal já oferta ultrassonografia, que também vai além da exigência do SUS para as unidades básicas.
“A compactuação, que é legalizada, e aponta o Hospital de Emergência como referência aos municípios. Isso é reconhecido pelo Ministério da Saúde. A responsabilidade do atendimento ao público é de todos, tanto governo, quando estado.”
Ainda segundo Bittencourt, a Sesa realiza uma campanha de conscientização para desafogar os leitos do HE. Ele ressalta que não é permitido negar qualquer tipo de serviço no pronto-socorro, mesmo que seja de menos urgência.
“Aqueles pacientes que estão ali no chão não são, em tese, de casos tão graves. Muitos dos leitos ocupados estão com pacientes que poderiam ser tratados em casa, no conforto, mas estão ali porque a unidade primária não consegue atender a demanda”, finalizou o diretor.
Fonte: G1
Foto: Jorge Abreu/G1