O braço gaúcho da Cruz Vermelha se colocou à disposição do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) para integrar a força-tarefa em prol do Hospital Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre. De acordo com o presidente da instituição no RS, o médico Manoel Garcia Júnior, a Cruz Vermelha brasileira trabalha na gestão de hospitais nos Estados da Paraíba e do Rio de Janeiro.
— É um caos fechar um hospital como o Beneficência, com sua história, relevância e tantos leitos — avalia.
Para Garcia Júnior, a instituição pode colaborar com a sua expertise no comando hospitalar, adquirida nos últimos 10 anos.
— Mas sabemos que são muitas forças que precisam ser compostas, pois as dívidas do Beneficência são grandes — observa.
Além da Cruz Vermelha e do Simers, integram a força-tarefa a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Assembleia Legislativa, a Câmara Municipal, entre outras instituições.
Nesta segunda-feira (8), apenas três dos 187 leitos da casa de saúde estavam sendo ocupados. Augusto Veit, diretor-presidente interino do Beneficência Portuguesa, garante a manutenção dos trabalhos do hospital, apesar da baixa ocupação dos leitos.
— Nosso esforço, num primeiro momento, é não fechar as portas — destaca.
Conforme Veit, além das complicações financeiras da casa de saúde, a cozinha do hospital está interditada pela Vigilância em Saúde de Porto Alegre desde o mês de outubro.
— São pequenos ajustes estruturais que precisam ser feitos para que a cozinha volte a ser liberada para uso — assegura Veit.
A Vigilância em Saúde informa que interditou o local para que administração faça os reparos necessários. Uma nova fiscalização deve ocorrer após as adequações.
Nesta segunda-feira, o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Hospital Beneficência Portuguesa, deputado estadual Pedro Ruas (PSOL), solicitou uma audiência com o governador José Ivo Sartori para tratar sobre o apoio ao hospital. A agenda ainda não está confirmada.
O Beneficência passa por uma das piores crises financeiras de sua história. Com 163 anos, a casa de saúde está sem pagar os salários dos funcionários há seis meses. A falta de recursos – gerada pela combinação de diversos fatores entre problemas de gestão, ruptura de contratos e recusa de financiamentos – também impactou nos atendimentos, que reduziram de forma drástica.
Com isso, a prefeitura de Porto Alegre rescindiu o contrato mensal de 116 leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Houve troca na gestão do hospital, com a renúncia do então diretor-presidente e a posse interina do presidente do Conselho da Associação Portuguesa de Beneficência, mantenedora da casa de saúde. A partir de então, o Simers e demais entidades se mobilizaram em uma força-tarefa para salvar a instituição.
Fonte: GaúchaZH
Foto: Beneficência Portuguesa