Pelo menos 14 médicos do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa estão sob aviso prévio de demissão, segundo o Sindicato dos Médicos da Paraíba (Simed-PB) informou na terça-feira, 31 de outubro. O Simed reconhece que, desde 2011, tanto o repasse do Governo do Estado para a Cruz Vermelha – empresa que administra o hospital – quanto o número de médicos contratados aumentaram, mas afirma que as equipes plantonistas estão sendo reduzidas.
Em nota, a diretora geral da Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul, Sabrina Bernardes, manifestou “indignação à nota do Sindicato dos Médicos” e afirmou que “não houve, não há e não terá redução de serviços prestados e nem da qualidade do atendimento”.
Além disso, disse que a nota do Simed-PB “tenta, de maneira irresponsável, macular a imagem da unidade e da gestão, na tentativa sórdida de induzir a população a engano”.
O assessor jurídico do sindicato Adilson Queiroz disse que há cirurgiões, médicos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e médicos de área vermelha sendo demitidos. “Equipes de cinco médicos plantonistas agora têm quatro”, contou.
“Médicos que estavam no Hospital de Trauma desde a sua fundação estão sendo descartados como seringas usadas”, afirmou Queiroz.
O Simed, por meio de sua assessoria jurídica, admitiu que não pode se posicionar em relação a demissões de médicos de forma isolada, mas afirmou que está agindo para que não sejam reduzidos postos de trabalho.
“Salvar vida não tem valor, mas para a Cruz Vermelha tem. Eles estão utilizando um software que mensura como reduzir custos com médicos no atendimento do Trauma, por mais que o repasse de verbas do Governo mais que tenha dobrado de 2011 a 2017”, continuou Queiroz.
O G1 procurou novamente a assessoria do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa Senador Humberto Lucena, mas foi informado que o único posicionamento da Diretoria vai ser o da nota, que está na íntegra no fim desta reportagem.
Queiroz ainda disse que o sindicato está agindo para que os avisos prévios recebidos pelos médicos sejam revogados. Quanto à quantidade exata de médicos demitidos, o assessor disse que só vai ser possível confirmar em cerca de 45 dias quando o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Cruz Vermelha for atualizado.
Confira nota da diretoria do Hospital de Trauma na íntegra
A direção do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena vem a público manifestar sua indignação à nota do Sindicato dos Médicos. Não houve, não há e não terá redução de serviços prestados e nem da qualidade do atendimento.
A nota trata apenas de questões corporativas e desconectadas do real interesse público. De maneira irresponsável, tentar macular a imagem da unidade e da gestão, na tentativa sórdida de induzir a população a engano.
O Hospital de Trauma continuará a prestar os mesmos serviços de qualidade que tem ofertado ao povo do estado nos últimos cinco anos.
Fonte: G1
Foto: Maurício Melo/G1