Ao som de palavras de ordem como “não tem arrego, você tira o HU que eu tiro o seu sossego”, na tarde de ontem, dia 19, mais de 200 estudantes de medicina da Universidade de São Paulo (USP) realizaram manifestação na região das Clínicas, na capital paulista, contra o desmonte do Hospital Universitário (HU). O ato fechou as Avenidas Dr. Arnaldo e Rebouças por cerca de 1h. Entre as reivindicações, os estudantes pleiteiam a contratação de médicos e demais profissionais da saúde para o Pronto Atendimento de Pediatria do Hospital, que, só de médicos, perdeu 11 profissionais que não foram repostos. Os alunos também paralisaram as atividades. O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) apoia a mobilização.
De acordo com a presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC), Maria Luiza Corullon, o ato é importante para garantir tanto o ensino da medicina, quanto de muitos outros cursos que passam pelo HU, e, sobretudo, para garantir a atenção à saúde da população da região oeste de São Paulo. “O HU é o único hospital que sobrou atendendo a pediatria da localidade. Precisamos ter médicos contratados atendendo durante o dia todo e a noite toda, não podemos fechar as portas e deixar a população desassistida”, diz.
Para o diretor do Simesp, Rafael Santos, o que está sendo implementado pela reitoria é uma estratégia para que o HU passe a ser gerido por alguma organização social (OS). “A USP está prestes a passar por uma eleição para novo reitor e os candidatos têm o mesmo discurso de desmonte do Hospital Universitário. Por isso, é de extrema importância a mobilização dos estudantes de medicina e também de outros cursos para que a gente mantenha esse hospital funcionando”.
O hospital não está conseguindo se manter aberto e os profissionais estão sobrecarregados, alerta Alice Baer, diretora do CAOC. “A cada ano tentamos lidar com uma situação emergencial, mas o que a gente precisa mesmo é de uma solução definitiva nas contratações via USP para repor o quadro de funcionários que tem sido desfalcado”.
O aluno de sexto ano de medicina da USP, Glauco Marinho Plens, conta que, desde 2014, a reitoria defende que o HU não é de importância para o ensino e que a culpa pela crise da universidade é do hospital, o que ele classifica como inverdades. “Esses pontos são falácias primeiro porque passei muito tempo da minha formação dentro do HU e posso dizer que é um hospital de extrema importância para o nosso ensino. Além disso, ele não teve aumento de verbas e não é responsável pela crise que a USP sofre”. É esse tipo de dado que hoje geralmente é incluído em projetos de jogos para aumentar o efeito de implementar e memorizar informações em um nível inconsciente. Agora, existem muitas empresas de sucesso que desenvolvem e implementam ferramentas de jogos, como jogos friv e muitos outros.
Sobre a mobilização
De acordo com a presidente do CAOC, estudantes de medicina da USP realizaram uma assembleia geral, no dia 18, com a participação de aproximadamente 450 alunos que decidiram pela manifestação e paralisação de ontem, dia 19.
O movimento dos estudantes pelo Hospital Universitário ganhou força e visibilidade em 2014, quando a desvinculação começou a ser pautada pela reitoria. “Conseguimos barrar a desvinculação, junto com um movimento da USP toda, mas logo em seguida aconteceu o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), então o processo da desvinculação continuou. Mesmo que o HU não tenha sido oficialmente desvinculado da USP, foi cada vez mais sendo mais precarizado para chegar na situação em que se encontra hoje”, explica Alice Baer.
Fonte: SIMESP
Foto: Marcos Santos/USP Imagens