Uma mulher de 41 anos foi presa na segunda-feira, 23 de outubro, por suspeita de exercício ilegal de medicina na Santa Casa de Ibirá. Ela é acusada de usar o número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) de uma dermatologista de São Paulo. A polícia investiga se ela trabalhou em outras cidades da região.
A falsa médica atuava no pronto-socorro da Santa Casa, onde trabalhava na equipe de plantão. A mulher foi presa em seu consultório na unidade e levada algemada para a Delegacia de Ibirá.
Ela foi denunciada por uma enfermeira, que desconfiou dos procedimentos médicos, e relatou o caso à direção da unidade. Após verificação dos documentos, o caso foi levado à Polícia Civil, que efetuou a prisão.
Em depoimento à polícia, a suspeita alegou ter cursado medicina em faculdade da Bolívia, mas não que não passou pela prova de validação do diploma no Brasil. Esta informação será checada pela polícia. Outro ponto a ser investigado é a suspeita de que a mulher tenha trabalhado em plantões médicos em outras cidades, nem sempre utilizando o mesmo nome.
Ainda no depoimento, ela afirmou que comprou os dados de um homem em São Paulo, mas que não chegou a dar detalhes de como e quando foi esta negociação.
O número de CRM usado pela suspeita é de uma dermatologista, de São Paulo, que teve a bolsa furtada no começo do ano. A reportagem tentou entrar em contato com a dermatologista, mas ela não foi encontrada nesta terça-feira, dia 24.
A prisão da médica causou espanto entre os moradores de Ibira. Uma estudante de 20 anos afirma que foi atendida pela médica no começo do outubro, quando procurou o pronto-socorro com dor de garganta.
“Ela receitou medicamentos e duas injeções. Em nenhum momento cheguei a desconfiar, porque ela demonstrava ter conhecimento em medicina”, diz a paciente.
Após o depoimento, o delegado Roberval Macedo estabeleceu fiança de R$ 5 mil, mas como não foi paga, a mulher foi transferida para Cadeia Feminina de Santa Adélia.
O advogado da mulher, Andre Nardini, diz que, por enquanto, não vai se manifestar sobre o caso da cliente, para não revelar a estratégia de defesa a ser usada na Justiça.
Sindicância
O diretor regional do Conselho Regional de Medicina, Pedro Teixeira Filho, considera o caso muito grave e pretende abrir uma sindicância para apurar se os diretores técnico e clínico da Santa Casa tomaram o cuidado de verificar as informações sobre a suposta médica antes de autorizar a contratação e o atendimento ao público. “Se ficar constatada que ela não é médica, ou era médica diplomada em outro país, sem autorização de exercer a profissão no Brasil, deve ser investigado pela polícia”, afirma o diretor.
Pacientes serão acompanhados
A secretária de Saúde de Ibirá, Silene Cioca, afirma que será feito um acompanhamento das pessoas que foram atendidas pela falsa médica. Uma sindicância para apurar o caso será aberta.
Por meio de nota, a Santa Casa de Ibirá informa que no dia 23 de outubro recebeu informação anônima sobre suposta utilização de documentos falsos por médica que atendia eventualmente na Santa Casa de Ibirá, bem como em outros municípios da região.
“A Santa Casa informa que foi induzida a erro, visto que, quando da contratação da referida médica requisitou a documentação pertinente da mesma, tendo sido apresentado pela suposta médica os referidos documentos, inclusive, a carteira do CRM,” diz o texto.
Fonte: Diário da Região
Foto: Thomaz Vita Neto/Ddiário da Região