A Justiça de São Paulo decidiu condenar uma auxiliar de serviços gerais, moradora de Santos, no litoral paulista, após ela expor a imagem de um médico e ofendê-lo em uma rede social, reclamando de um atendimento feito à filha, de 8 anos. Ela deverá pagar R$ 10 mil por danos morais ao profissional.
A mulher levou a filha ao Pronto-Socorro Municipal da Zona Noroeste de Santos, depois que a criança se machucou no rosto. O médico, alvo das ofensas na web, afirmou que teria de suturar (costurar) o ferimento. A alegação da auxiliar é que, para que isso ocorresse, ele precisou dar tapas no rosto da menina.
“Amigos, cuidado com esse filho da p*, que trabalha no PS da Zona Noroeste. Ele diz ser um profissional. Foi para suturar minha prima e deu três tapas na cara dela. Tá aí a foto desse p* no c*, para que todos possam ver a cara desse pilantra safado que, para mim, não é competente”, publicou, primeiramente, uma familiar no Facebook.
A mãe da menina, em seguida, compartilhou a postagem. “Ele vai ter que pagar. Hoje foi minha filha, amanhã pode ser a de vocês. Onde já se viu, você ir num hospital para fazer uma sutura na sua filha, e só porque a menina não parava de chorar, ele vai e bate. […] O que é dele tá guardado”, escreveu.
O médico só soube da postagem cerca de três dias depois, por meio de colegas que o alertaram. O material viralizou na internet e, diante das acusações, ele decidiu entrar com uma ação, para que a publicação fosse retirada do ar, e que as alegações apresentadas pela família da paciente fossem comprovadas.
“Ao publicar algo na rede social, em um clique isso já está no Japão. A pessoa é condenada sumariamente, sem chance de defesa. Quando ela fala, a outra parte não está ali para se defender”, comentou o advogado Arnaldo Haddad, que participou da defesa do médico junto com outros três advogados de Santos.
Na audiência, a ré não se apresentou para se defender e não provou as acusações no processo. O juiz José Wilson Gonçalves, da 5ª Vara Cível da cidade, decidiu pela condenação. A indenização inicial de R$ 30 mil foi rebaixada a R$ 10 mil. “Entendemos que é algo pedagógico, e não vamos recorrer. O médico se abalou com o que ocorreu”, disse o advogado.
O profissional de Medicina atua há 30 anos no PS da Zona Noroeste e está há cerca de quatro décadas na profissão, ainda segundo os advogados. A rede social onde foi publicado o material também havia sido alvo do processo, mas deixou de ser depois que retirou as publicações do ar, a pedido da própria Justiça.