Falta de estrutura e insuficiência de profissionais para o atendimento à população tem sido parte da rotina no Hospital Centenário, de São Leopoldo. Referência no atendimento em acidente vascular cerebral (AVC), a ausência de tomografia em funcionamento já gerou prejuízos graves.
Conforme relatam os médicos, paciente com quadro de AVC precisou ser deslocada até cidade vizinha para realizar o exame. Em seu retorno, duas horas mais tarde, já não havia mais possibilidade de tratamento e foram verificadas sequelas permanentes, que poderiam ter sido evitadas. Pouco antes, criança com lesões abdominais e risco de morte teve que esperar até o dia seguinte para ser transportada e realizar tomografia. A preocupação é que casos como esses se multipliquem.
“Também é importante considerar que o hospital fica na beira da BR-116. Isso significa que muitos acidentes ocorrem na região e que os pacientes são levados para o Centenário. Quando chegam lá, porém, não encontram a infraestrutura necessária. Estamos falando de vidas”, ressalta a vice-presidente do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil.
Problemas que já viraram rotina
Conforme relembra Maria Rita, o Hospital Centenário possui um histórico de carências graves e essa é, novamente, a realidade vivida. Além do risco à população, os médicos também se veem expostos e obrigados a dar suporte até mesmo em especialidades que não são as suas. Uma consequência da falta de profissionais.
“O pronto socorro, por exemplo, tem se transformado em uma UTI clandestina, como é chamado. Os médicos que ali atuam são emergencistas e não intensivistas. Existe a necessidade de revisão da estrutura”, destaca. Além de reduzidas, as contratações têm ocorrido, sobretudo, em caráter emergencial – sem permanência ou garantias. Ou seja, os concursados saem, mas não são repostos.
Questão financeira
As dificuldades financeiras do Centenário também têm rendido discussão. Com custo mensal de R$ 9 milhões, o hospital possui um déficit operacional de R$ 6,4 milhões. Para a vice-presidente do SIMERS, os problemas vivenciados agora são também um reflexo da falta de atitude em 2013, quando a Secretaria Estadual de Saúde (SES) propôs repactuar a distribuição dos recursos para os hospitais.
“A impressão é de que a prefeitura perdeu tempo, no sentido de fazer uma contratualização mais adequada. Por outro lado, existe ainda uma gestão temerária, que não parece conseguir utilizar os recursos disponíveis da melhor forma possível”, completa.
Fonte: SIMERS
Foto: Larissa Schreiber/GES-especial