A médica, Milena Gottardi Tonini Frasson, de 38 anos, foi baleada na última quinta-feira, 14 de setembro, ao sair do plantão no Hospital das Clínicas (Hucam), em Vitória. No dia do crime, ela estava acompanhada por uma colega de trabalho, que pegava carona. Milena foi atingida por um disparo na cabeça, e a colega conseguiu escapar.
A vítima chegou a ser socorrida em estado grave para um hospital particular da capital. Na última sexta-feira (15), a equipe médica confirmou a morte de Milena por edema cerebral difuso por conta da extensão do dano.
Feminicídio
O caso da morte da médica Milena Gottardi Tonini Frasson, de 38 anos, já está sendo tratado como feminicídio pelas equipes de investigação, segundo adiantou com exclusividade o secretário de Segurança, André Garcia, ao Folha Vitória na manhã desta segunda-feira, 18 de setembro.
“Vamos definir ainda a autoria, mas a linha de investigação que existe hoje é de feminicídio. Ela morreu por uma questão de um relacionamento que manteve com determinada pessoa”, afirmou. Ainda segundo Garcia, a polícia está muito perto de desvendar toda a “cadeia dinâmica do que aconteceu, que infelizmente resultou na morte dela”.
Para o secretário, o feminicídio é um tema que ainda depende de reflexão social, e afirma que o que mais chama a atenção é o fato de que homens com “cabeças doentes” estejam por trás desses casos. “Isso nos leva a refletir sobre o papel do homem nesse processo, mas o que mais me chama a atenção é que nos casos de repetidas mortes de mulheres, o que está por trás são cabeças doentes. São homens que não sabem lidar com suas frustrações. É um machismo atrasado que tem levado à morte de nossas mulheres no Espírito Santo e no Brasil”, comenta.
Retrato falado
No mesmo dia em que a morte foi confirmada, a Polícia Civil divulgou o retrato falado do suspeito de ter atirado contra ela, e informou que o caso estava sob investigação na Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), mas que nenhum detalhe seria divulgado para não atrapalhar o trabalho da polícia.
CRM se solidariza
O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) se solidarizou com a família da médica. A entidade classificou o crime como “triste, lamentável, revoltante e inaceitável” e garantiu que manterá a luta, junto às demais entidades médicas capixabas, por segurança para o médico trabalhar. O conselho informou ainda que “insistentemente denuncia a fragilidade do sistema de saúde, o que inclui a falta de segurança para todos: médicos, enfermeiros, pacientes e demais profissionais que atuam nas instituições de saúde”.
Celular apreendido
O ex-marido de Milena teve o celular apreendido pela polícia. O aparelho do ex-companheiro, que é advogado e policial civil, foi recolhido na manhã de sábado (16) pelo titular da Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), delegado Janderson Lube, responsável pela investigação do caso.
O delegado esteve no DML de Vitória, por volta das 8h15, juntamente com policiais da Corregedoria da Polícia Civil. Eles chegaram ao local logo depois de finalizado o processo de liberação do corpo da médica. Janderson Lube foi abordado por jornalistas, mas preferiu ainda não falar sobre as investigações.
Sindicato dos Médicos
O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, classificou o crime contra a médica Milena Gottardi Tonini Frasson como “tragédia desesperadora”.
“Não por falta de aviso. Um colega de profissão sofreu uma violência em seu ambiente de trabalho, um atentado contra sua vida. Em meio a esse caos, a essa desesperadora tragédia, buscamos apoiar a família da profissional de medicina que coloca sua vida em risco diariamente para salvar a vida de seu próximo”, afirmou Otto.
O Simes também fez questionamentos aos órgãos públicos sobre a falta de segurança nos hospitais, amplamente denunciada por médicos e também pela entidade.
“Qual a solução para este problema? Até quando um médico terá que colocar, literalmente, sua vida em jogo para cuidar de seu povo? A violência está escancarada, a segurança já não existe e a população ficará desassistida até que as providências sejam tomadas.
Presos
Até o último domingo, 17 de setembro, dois suspeitos de envolvimento na morte da médica já estavam detidos. As informações foram confirmadas pela reportagem da Rede Vitória junto à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Fonte: Folha Vitória / G1