O dia 21 de setembro foi instituído pela Associação Internacional do Alzheimer (ADI), como o Dia Mundial da Doença de Alzheimer. A doença do córtex cerebral foi apresentada em 1906 pelo psiquiatra alemão Aloysius Alzheimer (1864-1915) durante um congresso científico na Alemanha. Para a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a data é uma oportunidade para sensibilizar a população, as entidades públicas e privadas de saúde, bem como os profissionais da área, para essa doença que acomete mais de 1,2 milhão de brasileiros.
Caracterizada como uma doença degenerativa, progressiva e irreversível, a doença de Alzheimer não tem cura, mas pode ser tratada a fim de amenizar os sintomas. O Alzheimer afeta a memória, fala e a noção de espaço e tempo do paciente podendo provocar apatia, delírios e, em alguns casos, comportamento agressivo. Um dos primeiros sintomas é a perda de memória para fatos recentes. Depois, ocorre a desorientação quanto a lugares e datas e mudança de humor e comportamento – irritabilidade e agressividade. Na fase avançada, a pessoa pode ter alucinações, dificuldade na fala e na alimentação. Além disso, pode não reconhecer mais os familiares e torna-se totalmente dependente.
Alzheimer em números
Dados da ADI, apontam que há cerca de 36 milhões de indivíduos portadores do Mal de Alzheimer no mundo. Para 2030, a previsão é que o número aumente 85%. A estimativa revela que a América Latina tropical, onde está localizado o Brasil, será a região com maior aumento percentual, cerca de 146%.
O Alzheimer é responsável por 60% dos casos de demência em idosos. De acordo com a ADI, cerca de 5% dos brasileiros com mais 65 anos sofrem de Alzheimer. De acordo com estudos sobre a doença, depois dos 65 anos de idade, a chance de alguém desenvolver a doença de Alzheimer duplica a cada cinco anos. Com 85 anos de idade, as chances são de 50%. Pesquisas realizadas pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) apontam que 95% das vítimas morrem até cinco anos após apresentar os primeiros sintomas.
Causas e diagnóstico
Em geral, a doença de Alzheimer afeta pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início por volta dos 50 anos. As causas da doença não são totalmente conhecidas, alguns estudos citam fatores importantes para o desenvolvimento da doença como: pré-disposição genética, escolaridade, hipertensão, diabetes mellitus, acidente vascular cerebral (AVC) prévio, colesterol aumentado e idade avançada.
O diagnóstico é clínico e é feito através de entrevista (história de vida, clínica, familiar, idade, escolaridade), teste cognitivo (miniexame do estado mental, teste do relógio, teste de fluência verbal), e posteriormente por meio de exames laboratoriais (hemograma completo, hormônios tireoidianos, enzimas hepáticas) e de imagem (tomografia, ressonância magnética).
Um paciente demora anos para saber que é portador de Alzheimer. Uma das causas é o fato dos sintomas da doença, como perda de memória e raciocínio lento, serem interpretados pelos parentes como consequências do envelhecimento e não uma enfermidade.
Causas
A ciência ainda desconhece as causas do Alzheimer, mas sabe-se que as perdas neuronais acontecem gradativamente, subdividindo a doenças em três estágios: inicial, intermediário e avançado. Pesquisa realizada por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, sugere sete medidas que podem evitar milhões de casos de Alzheimer em todo o mundo. Os fatores são ligados a estilo de vida: não fumar, ter uma dieta saudável, prevenir o diabetes, controlar a pressão arterial, combater a depressão, fazer mais atividades físicas e aumentar o nível de educação. Para os cientistas, metade dos casos da doença no mundo se devem a falta destas medidas de saúde e basta uma redução de 25% nos sete fatores de risco para evitar até três milhões de casos.
Tratamento
Apesar de não ter cura, o tratamento permite melhorar a qualidade de vida do paciente e da família, já que a doença acaba atingindo o convívio social. Em fases leves ou moderadas da doença, são indicados medicamentos anticolinesterase, já disponíveis pela rede pública de saúde. Além disso, a atenção dos familiares e amigos próximos é essencial, pois o paciente não percebe os sintomas na fase inicial da doença e, muitas vezes, negam quando orientado ou advertido devido alguma manifestação.
Desafiador
Cuidar de uma pessoa com a Doença de Alzheimer é um desafio para qualquer família, já que as mudanças são significativas e precisam ser incorporadas na rotina familiar. A nova realidade requer aceitação, informação e flexibilidade para uma boa adaptação à nova condição. Com o avanço da doença, pacientes com Alzheimer precisam de cuidados 24 horas e de uma rotina especial de acompanhamento, mesmo para fazer as atividades mais simples. Este acompanhamento pode comprometer também a saúde de familiares, podendo ocorrer o desenvolvimento de transtornos emocionais, como depressão e isolamento. Por essa razão, é importante que os familiares procurem associações para receber assistência e suporte médico durante o tratamento.
De olho na rotina
O estilo de vida é muito importante para prevenir o Alzheimer. Quanto mais cedo houver uma mudança de hábitos, mais fácil minimizar o problema. Algumas dicas:
- Estimular o cérebro: mantenha o cérebro ativo aprendendo algo novo, um idioma, um instrumento, palavras cruzadas, etc. A leitura também é um ótimo hábito para o cérebro reter informações, treinando várias funções;
- Exercitar-se: 30 minutos de atividade física de três a cinco vezes por semana. Para esta faixa etária recomenda-se a prática de natação, caminhada ou até mesmo subir escadas em vez de ir de elevador;
- Ter uma alimentação saudável e balanceada: vegetais, peixes e frutas têm ótimos nutrientes para o cérebro, assim como óleos vegetais ricos em Ômega 3;
- Controlar o diabetes e a pressão arterial: os dois problemas são comuns nesta faixa etária e podem aumentar o risco de Alzheimer e outros tipos de demência em até 50%, segundo relatório anual sobre a doença divulgado pela ADI;
- Tomar sol ou suplemente com Vitamina D: um estudo publicado em agosto de 2014 na revista Neurology apontou que as pessoas com idade avançada que não recebem quantidades suficientes de vitamina D correm mais riscos de apresentar demência.
Fontes: Alzheimer’s Disease International | ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer | Academia Brasileira de Neurologia | Thiago Monaco, geriatra, professor doutor da Disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da UniNove.