”Os médicos credenciados pelo do IPE estão pagando para trabalhar”. Essa é a avaliação do diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Jorge Luiz Eltz de Souza. Segundo ele, desde 2011, o salário dos profissionais, as consultas e os procedimentos médicos não são reajustados pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE). Esse é um dos motivos para a redução no número de consultas disponibilizadas por mês pelo plano.
Descontentes com essa situação, desde julho, o Simers está realizando assembleias regionais pelo Estado para definir estratégias para pressionar o governo do Estado e o instituto. Em entrevista ao Diário, Souza afirmou que existe a possibilidade de paralisações temporárias e periódicas. O último acordo foi de 40%, há seis anos, quando a consulta passou ao valor R$ 47, sendo que, de acordo com o diretor do sindicato, deveria ser de R$ 91,65.
– Os médicos acabam restringindo as consultas, por mês, para não deixar de atender. A categoria está em uma situação difícil para continuar o atendimento pelo IPE em função da falta do reajuste. A culpa não é do médico, é do IPE, que está fazendo esse desmonte. Muitos estão querendo se descredenciar, e outros já deixaram de atender – comentou Souza.
Em Santa Maria, a assembleia foi realizada na última quarta-feira, e contou com a presença de integrantes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e Sindicato dos Médicos de Santa Maria (Sindomed). Outro ponto tratado no encontro foi o aumento de 57% da receita do IPE no período de cinco anos, passando de R$1,1 bilhão, em 2011, para R$ 1,7 bilhão, em 2016.
– Desde 2004, quando o IPE Saúde foi separado do IPE Previdência, foi criado o Fundo de Atenção à Saúde do IPE, que é formado a partir da contribuição do funcionário público de 3,1%, mais a contrapartida do Estado de 3,1%. Então, tem o fundo de reserva para justamente garantir o atendimento. Não tem nada a ver com a crise do governo. Isso significa que dinheiro tem, mas onde é que foi parar? Por que não querem dar o reajuste para os médicos? – salientou o diretor do Simers.
NA JUSTIÇA
Em outubro de 2016, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul ingressou na Justiça com ação coletiva de reajuste da remuneração dos médicos que atendem pelo IPE. A medida foi protocolada na 3ª Vara da Fazenda Pública da Justiça Estadual, em Porto Alegre, e cobra que a direção da autarquia comprove equilíbrio contratual e financeiro nas suas obrigações com seus contratantes e credenciados. Sobre a redução no número de consultas, o diretor do Simers explicou que os profissionais têm total autonomia para decidirem quantas pessoas irão atender por mês.
A próxima assembleia regional está marcada para esta quarta-feira, 9 de agosto, na cidade de Ijuí. No dia 23 deste mês, deve ocorrer um encontro estadual em Porto Alegre.
NÚMEROS FORNECIDOS PELO SIMERS
O IPE atende 1,28 milhão pessoas no RS
269 médicos credenciados pelo IPE em Santa Maria
7.317 médicos credenciados pelo IPE no RS
IPE RECONHECE
Quando assumiu a presidência do IPE, o ex-prefeito de Caçapava do Sul, Otomar Vivian, disse ao Diário, em entrevista publicada em maio, que reconhece que há dificuldades na marcação de consultas em virtude de uma insatisfação dos médicos credenciados acerca dos valores pagos pelos procedimentos.
Otomar, que já havia comandado o órgão de 2003 até parte de 2008, afirmou que, por outro lado, o IPE permite ao usuário ser atendido nas emergências ou ser submetido a exames de alta complexidade com custo zero para o paciente.
Fonte: Diário de Santa Maria
Foto: Naná Hausen / Assessoria Simers