O atendimento de emergência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estava restrito a casos graves ou com risco de vida devido à superlotação na tarde de sexta-feira, 18 de agosto, em seis hospitais e três Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Porto Alegre. A grande procura por atendimento gratuito pode ser explicada devido à queda no número de clientes de planos de saúde no Rio Grande do Sul.
Durante o final da tarde, a situação era mais grave nas emergências dos hospitais de Clínicas e São Lucas, da PUCRS, que operavam com mais de 200% acima da capacidade. A superlotação também afetava quem procurou atendimento nas UPAs dos bairros Bom Jesus, Lomba do Pinheiro e Cruzeiro do Sul. Na unidade da Zona Norte, apenas o atendimento pediátrico estava restrito.
Enquanto a procura é intensa nos hospitais públicos, dois em cada 10 gaúchos deixaram de ter plano de saúde nos últimos anos, em razão da crise econômica, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Planos de Saúde, entre dezembro de 2014 e março desse ano, os planos de saúde no Rio Grande do Sul perderam cerca de 67,3 mil clientes. Enquanto isso, dados da Secretaria de Saúde mostram que aumentou em 3% a procura pelo SUS no estado.
“É uma carga adicional que temos e isso impacta não só nas consultas, nos exames, mas principalmente nas emergências“, analisou ele. “Os pacientes chegam às emergências, para consultar. Às vezes há necessidade de internação e não existe o leito, e ele vai ficando nas salas de observação das emergências“, descreve o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis.
Entre os ex-clientes que migraram para o SUS está o biólogo Leandro Portolan. Ele e a mulher estão sem trabalho, e precisaram cancelar o plano que custava R$ 390 por mês. “Estou triste e apavorado. A família apoia, mas pagar um plano de saúde, hoje, não tem condições“.
A dona de casa Fernanda Drago também ficou sem plano de saúde para ela, as duas filhas e o marido. “Meu marido foi demitido, e a gente perdeu o plano”, explica ela. Pagar por um convênio privado é impossível, diz ela, já que agora são dois desempregados em casa.
Recentemente, ela descobriu que a filha pequena tinha um câncer no olho. Como era um caso de urgência, a cirurgia pelo SUS foi rápida. “Mas, se não é algo com muita emergência, a gente tem que esperar”, observa ela.
Os valores dos planos de saúde variam de acordo com a idade e a extensão da cobertura. Uma pessoa que tem entre 29 e 33 anos pode pagar em média R$ 370 para ter cobertura ambulatorial e hospitalar. Já o preço médio do mesmo serviço, porém para quem tem acima de 59 anos pode chegar a R$ 1.52 mil. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
A alternativa são os planos mais baratos. A dona de casa Marlene Carminatti desembolsa R$ 70 por mês, mas em compensação tem que pagar metade do valor do procedimento. “Pelo menos tem alguma coisa, para quando precisa ter dentista, médico alguma coisa, tem“, diz ela.