Aos poucos, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), administrado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), tenta voltar à normalidade. Com o atendimento reduzido desde o mês passado, a unidade de saúde reabriu alguns leitos que estavam fechados e aumentou o número de atendimentos ambulatoriais nesta terça-feira — ainda que a administração não dê números oficiais. A ampliação dos serviços acontece após o Governo do Estado quitar todos os salários atrasados dos servidores públicos do hospital. No entanto, ainda não há certeza para o pagamento de agosto nem do 13º do ano passado.
A normalização caminha em passos lentos e não há prazo para que o hospital volte a atender com fazia antes da crise, mas segundo a administração da unidade, a meta é que consigam manter ao menos 250 leitos funcionando. No dia 19 de julho, o diretor-geral do HUPE, Edmar Santos, informou que a unidade passaria com apenas 100 leitos para a internação, os atendimentos ambulatoriais diminuiriam para 60.000 e as cirurgias, para 300 por mês. Em situação normal são 350 leitos, cerca de 150.000 atendimentos ambulatoriais entre consultas e exames e 2.000 cirurgias por mês.
O hospital universitário acompanha retomada das atividades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que, apesar de continuar em greve, teve algumas aulas de determinados cursos acontecendo. Assim como a UERJ — cujos departamentos vão dar início, aos poucos, no calendário acadêmico extraoficial para não prejudicar os alunos —, a unidade de saúde também planeja voltar a funcionar normalmente de forma progressiva, como explica o reitor da universidade, Ruy Garcia Marques:
— Esse é um processo lento. Atualmente, o hospital tem cerca de 160 leitos funcionando e objetivo é que, agora, mas outros sejam reabertos. Mas ainda falta muita coisa para que o serviço se normalize. A Defensoria Pública conseguiu que o pagamento dos terceirizados, como vigilância e limpeza, fossem feitos graças aos arrestos no governo, mas não podemos continuar assim. O Pedro Ernesto é um hospital de grande porte e referência em diversas especialidades, esperamos que essa situação não fique desse jeito por muito tempo.
Mesmo com serviço reduzido, atendimentos são feitos
Apesar da greve, da falta de pagamento aos servidores e na redução do expediente, os atendimentos não deixaram de serem feitos no hospital. Segundo um vigilante do Pedro Ernesto, que preferiu não se identificar, mesmo com a falta de plantão geral na unidade, os pacientes eram recebidos pelos médicos, que analisavam o quadro e os encaminhavam para outras unidades de saúde que pudessem recebê-los. Ainda assim, as pessoas com consultas marcadas continuaram a ser atendidas, como é o caso da aposentada Djanira de Souza, de 80 anos.
— Não posso me queixar da assistência daqui, acho excelente. Só hoje, consegui fazer duas consultas: uma com o nefrologista, que estava marcada, e outra com o nutricionista, de encaixe. Trato da minha diabete no Pedro Ernesto desde 1990 e, até durante o auge da crise, continuei a vir aqui. A única coisa que mudou é que, agora, me informaram que os exames deverão ser feitos na (Policlínica) Piquet Carneiro. Tomara que um hospital, que tem um porte como esse, nunca deixe de funcionar — conta Djanira.
A administração do hospital não informou quantos leitos foram reabertos nesta segunda-feira, nem qual a média de atendimentos e cirurgias que deverão realizar a partir de agora. Por causa da greve, os alunos da UERJ convocaram um ato para quarta-feira, às 18h, na frente da universidade. Eles vão protestar pela falta de pagamentos das bolsas e salários dos funcionários, além da falta de assistência estudantil. Segundo o movimento estudantil, não há perspectiva para a reabertura do bandejão universitário, e a situação das bibliotecas ainda é incerta.