Com 450 pessoas na fila de espera pela realização de transplantes de órgãos no Amazonas, o programa de transplantes do Amazonas está suspenso há um ano e meio, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Susam). Dos três tipos de transplantes que estão credenciados para ser feito, apenas o de córnea esta sendo realizado atualmente.
Além de córnea, o Amazonas esta credenciado a realizar os transplantes de rins e fígado. De acordo com a Susam, dos 450 pacientes da atual fila de espera, 250 pessoas aguardam realizar transplante de rim e 200 esperam realizar transplante de fígado. Segundo a coordenadora da Central de Notificação, Capacitação e Distribuição de Órgãos do Amazonas, Leny Motta Passos, os procedimentos foram suspensos por conta da quebra de contratos entre o governo do Estado e empresas prestadoras dos serviços, em março de 2016.
“As equipes cadastradas pelo Ministério da Saúde são equipes de empresas privadas, só que estes contratos terminaram em 2016 e até agora nós estamos aguardando a renovação para poder retomar os transplantes. Por conta disso é que estes procedimentos estão parados. Os transplantes de córnea só não estão parados porque os contratos são de valores menores”, explicou.
Atualmente, os transplantes de córneas são realizados em clínicas conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS), sob a coordenação do Banco de Olhos do Amazonas. Os pacientes que necessitam do tratamento para os transplantes suspensos são encaminhados para outros Estados, através do programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), de 44 pessoas habilitadas para a doação de órgãos no Amazonas, apenas dez se tornam doadores efetivos.
À espera
A técnica de enfermagem Vivilane Lima Gomes, de 32 anos, contou que espera há dois anos pelo transplante de rim e de fígado. Segundo ela, atualmente, os médicos dizem que não tem viabilidade de executar as cirurgias. “Eu já fui prejudicada de várias formas enquanto essa fila não anda. É um pouco constrangedora a forma como eles não nos dão e importância. Fui afastada do meu emprego várias vezes. É uma doença que eu sinto como se tivesse morrendo aos poucos”, disse.
Para Vivilane, o atendimento prestado pelos hospitais públicos não é satisfatório. A técnica de enfermagem também reclama da forma como é tratada pelos médicos. “Já aconteceram situações de eu ir a um médico e ele olhar pra mim e dar somente um remédio para dor mesmo sabendo de toda a situação. Eu acho que eles não sabem lidar com a nossa situação e não sabem se por no lugar do paciente”, contou.
Renovação de contrato
De acordo com a Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam), a previsão é que os procedimentos voltem a ser realizados no Estado ainda esse ano.
Segundo Leny Passos, o acordo entre o governo do Estado e as empresas privadas tem previsão de cerca de um mês para ser renovado. “A renovação de contratos depende da aprovação do departamento financeiro, que entre 30 a 40 dias devem ser revolvidos”, explicou.
A Susam informou, também, que após a renovação do contrato, os pacientes da fila de espera receberão, além da cirurgia, todo o acompanhamento pré e pós transplante.