O segundo dia do 10º Fórum Iberomericano de Entidades Médicas que é realizado pela Confederação Médica Latino-Ibero-Americana e do Caribe (Confemel), na Cidade do Panamá até o dia 22 de julho, foi marcado por debates que interferem diretamente na vida do médico e população. Três mesas redondas nesta quinta-feira (20/07) discutiram sobre a segurança dos pacientes, qualidade das escolas médicas e acesso a medicamentos.
A mesa integrada pelos médicos Serafim Romero Agüit (Espanha), Suyana Figueroa (Honduras) e Emannuel Calvacanti (Brasil) abriu o evento com o tema Segurança dos Pacientes. A administração dos medicamentos é considerada a principal dificuldade nas unidades de saúde, com 50% dos registros de problemas.
As péssimas condições de trabalho em países subdesenvolvidos também são fatores determinantes. “Como trabalhar a segurança do paciente em hospitais sem a mínima condição de atendimento em que os mesmos ficam em macas nos corredores, onde há dificuldades de identificação, por exemplo? É uma situação muito complicada e que não depende só da boa vontade dos profissionais da saúde e sim do comprometimento dos gestores públicos”, afirma o presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Waldir Araújo Cardoso.
Como forma de contribuir para melhoria nos atendimentos a mesa concluiu que os médicos devem assumir a liderança das práticas de prevenção e desenvolver uma cultura de segurança. Também é recomendado aos médicos prudência e profunda comunicação com seus pacientes, além de incentivá-los a que perguntem e se interem sobre seu tratamento.
Formação Médica
A qualidade do ensino dos futuros médicos foi amplamente discutida. O estímulo à avaliação externa e de acreditação das faculdades é considerado essencial para contribuir para um maior controle na capacitação “i”, informou um dos participantes da mesa redonda, o médico Marino Ramirez.
O debatedor Álvaro Dendi, do Uruguai expôs que aquele país conta com nove universidades, sendo duas de medicina e que há preocupação com a massificação, tendo em vista que 2.700 estudantes se formam por ano.
“No México temos 72 faculdades e 31 acreditadas”, complementou Francisco Basurto Casanova.
Atualmente existem 1.600 faculdades no mundo. “Destas 312 estão no Brasil e com a Lei do ‘Mais Médicos’ está prevista a criação de aproximadamente 12 mil vagas até 2018, o que fará com que o país forme por ano mais de 25 mil novos médicos. O governo precisa entender que esta atitude irresponsável não irá resolver o caos na saúde. Nós precisamos olhar para a qualidade e não para a quantidade”, avalia o presidente da FMB.
No encontro foi defendido a necessidade de se trabalhar o núcleo do curriculum médico e preparar os estudantes para acompanharem as tecnologias.
Fármacos
Sobre o acesso aos fármacos, os argumentos tratados foram de que a principal barreira de acesso aos medicamentos é o seu custo, o que representa em médica 30% do orçamento da saúde no mundo. Além disso, as pesquisas têm sido dirigidas para o interesse comercial e não pela saúde pública.
Participaram da mesa os médicos: Jorge Coronel (Argentina), Serafim Romero Agüit (Espanha) e Juan Carlos Batista (Panamá).