A falta de segurança que já virou rotina na área da saúde levou ao fechamento definitivo do posto Morro dos Sargentos, na Capital. A medida foi tomada depois que o corpo de uma vítima foi encontrado esquartejado e decapitado nas imediações da unidade.
O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) ressalta que a violência já chegou a um nível extremo. “Se a equipe do Médicos Sem Fronteiras atendesse em Porto Alegre, já teria ido embora. Isso porque é pressuposto para eles que estejam a salvo da luta entre facções ou países. Aqui ninguém está a salvo”, lamenta.
Nova opção
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a gestão municipal discute com o Exército a possibilidade de que seja cedido um terreno na entrada da comunidade, local em que o posto seria reaberto. Argollo ressalta, no entanto, que é preciso repensar a estrutura de atendimento em saúde nas regiões de conflito. Do contrário, criam-se apenas medidas emergenciais.
“O conceito moderno é de uma área de segurança, com uma estrutura física bem iluminada, cercada, onde se coloca a escola, a creche, o posto da Brigada Militar, o posto da Polícia Civil e a unidade de saúde. Ou seja, cria-se um centro mais seguro também para os moradores. Agora, se ninguém fala com ninguém, cada um coloca a sua equipe onde é mais barato o aluguel, não tem como dar certo”, enfatiza.
Enquanto isso, os moradores da região precisam se deslocar até Ipanema ou Guarujá para receber atendimento – os profissionais que atendiam no posto Morro dos Sargentos foram deslocados para esses locais.
Números da violência
Desde 2014, o Rio Grande do Sul já soma 80 casos de violência em unidades de saúde e seus arredores. Só neste ano já foram 20 casos, nove deles em Porto Alegre.