superlotação nos hospitais públicos tem preocupado pacientes que aguardam por atendimento no Rio Grande do Sul. Em Santa Maria, na Região Central, o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) registrou 8 mil novas buscas por consulta, aumentando a demanda de 9 mil para 17 mil atendimentos neste mês.
Para a direção do hospital, a situação é reflexo da falta de uma política de assistência básica de saúde mais eficiente e estável. Segundo o chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HUSM, Itamar Riesgo, o crescimento nas buscas por diagnóstico tem afetado a rotina da unidade, impedindo a abertura de novas vagas.
“Isso faz com que se tenha o atendimento de um número muito grande de casos que não são o foco principal de atenção do nosso hospital e que com isso a gente não consiga a aberturas de novas vagas para que mais pessoas procurem o hospital“, afirmou.
A demora no atendimento e a restrição de leitos em unidades hospitalares menores têm provocado a mobilidade da população para outras cidades. O transporte dos pacientes até os grandes centros médicos é, na maioria das vezes, realizado pelas prefeituras dos municípios.
Em São Sepé, no Centro do estado, 20 veículos foram utilizados para fazer o deslocamento de paciente, percorrendo cerca de 882 mil km.
“Para um município igual ao nosso, eu acho isso uma coisa absurda. Mas nós temos que fazer, porque a saúde se concentrou nos grandes centros. Nós, com a nossa capacidade, com a equipe que temos, a orientação é que se leve para os grandes centros e ponto final“, afirmou o prefeito da cidade, Léo Girardelo.
Os pacientes de São Sepé são encaminhados, normalmente, para atendimento em Santa Maria e Porto Alegre. Alguns chegam a passar mais de quatro horas viajando para receber tratamento em hospitais públicos com vaga.
“A gente nem vê a luz do sol dentro da van. Sai de noite e volta de noite“, lamentou a dona de casa Vania Lucia Gonçalves Machado, que se desloca de São Sepé até Porto Alegre para tratar um câncer.
Em cidades como Cacequi, além da superlotação, alguns hospitais estão lidando com a carência de profissionais. A Secretaria de Saúde local confirmou que o município não tem pediatra. Segundo o secretário adjunto, Ozório Araújo Dias, a falta de médico deve ser suprida pela prefeitura. No entanto, não houve interesse de pediatras para realizar consultas na cidade.
A Secretaria Estadual de Saúde não se manifestou sobre o assunto, mas informou que é preciso analisar caso por caso.
Enquanto a situação de superlotação permanece instável nos principais centros públicos do estado, a recomendação é a de que os paciente procurem postos 24 horas ou unidades básicas com vagas.