Funcionários das UPAs do Rio de Janeiro estão pedindo socorro. Além dos problemas estruturais e financeiros, os profissionais denunciam a falta de segurança dentro das unidades. Segundo relatos, criminosos têm invadido os espaços e chegam a determinar quem deverá ser atendido com prioridade. Frente ao aumento do número de confrontos e, consequentemente, baleados, os profissionais de saúde trabalham, sob a ameaça de facções criminosas, para atender uma demanda de feridos cada vez maior.
— Lidamos com pessoas que, infelizmente, nos ameaçam, seja ela de uma forma física ou até mesmo verbal, essas ameaças são contantes — contou um funcionário. Com medo da Violência, ele pediu para não ser identificado.
Segundo o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro), casos violência dentro das UPAs e hospitais do Estado não são novidade. Porém, nos últimos meses, com o agravamento da crise financeira do governo estadual e aumento dos confrontos armados, o número de denúncias de violações ao Conselho também cresceu. As unidades apontadas como as mais violentas são: Penha, Complexo do Alemão, Ricardo de Albuquerque, Costa Barros (zona norte), Vila Kennedy (zona oeste) e Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
A região que concentra as unidades mais violentas é também a que atende grande parte dos baleados no Estado. Entre janeiro e junho deste ano, cerca de 3.386 feridos foram socorridos em hospitais da região metropolitana do Rio e na Baixada Fluminense. A natureza estressante do trabalho de atendimento dessas pessoas soma-se a repressão do crime organizado. Também segundo dados do Cremerj, tem crescido o número de profissionais de saúde que precisam se afastar do trabalho por problemas psicológicos.
— Chegaram e falaram: tem que salvar de qualquer jeito. Ai, você fica meio acuado naquele momento, ao mesmo tempo, fazendo tudo que sabe para salvar a vida e com medo daquela pessoa vier a falecer e você perder a sua vida por casa daquilo — relatou o médico.
Em 2014, a UPA do Complexo do Alemão foi invadida e destruída por ordem do tráfico de drogas da área. Na ocasião, funcionários foram agredidos e ameaçados.
De acordo com o Cremerj, já foram realizadas algumas reuniões com a Secretaria de Segurança, aonde o órgão repassou as denúncias e pediu o reforço no policiamento das proximidades de UPAs e hospitais. Outros encontros também foram realizados com a Secretaria de Saúde, com o mesmo objetivo.
— Ser médico no Rio só por amor, sem ser por amor não vai.
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