Polícia Civil apura se o líder do grupo suspeito de falsificar diplomas de medicina de faculdades brasileiras para estudantes estrangeiros também vendia gabaritos e falsificava diplomas de conclusão de curso na Bolívia. A suspeita surgiu após o depoimento de um integrante do grupo, que foi preso na quarta-feira, 20 de julho, em Goiânia.
“Tomamos conhecimento que o principal alvo também seria piloto em exames para admissão no curso de medicina, que é aquele cidadão inteligente que faz a prova em nome de terceira pessoa. Além disso, tinha um esquema de venda de aprovação no curso de medicina mediante uso de equipamentos eletrônicos. Para cada pilotagem ou venda de gabarito o custo seria de R$ 60 mil a R$ 200 mil”, explicou o delegado Carlos Cesar Pereira de Melo.
O líder do grupo, de 23 anos, e o jovem apontado como intermediador, de 27, foram presos temporariamente nesta manhã durante a Operação “Diploma Fácil”, realizada pela superintendência de Goiás em parceria com a de Sergipe. Os policiais também cumpriram três mandados de busca e apreensão.
O delegado explicou que as alegações do intermediador ainda serão analisadas. O jovem disse que tinha trocado informações sobre as fraudes com o chefe do esquema por meio de conversas em um aplicativo de celular. O aparelho já está sob análise da PF.
Durante a busca na casa do líder do grupo, em Acreúna, no sudoeste goiano, os policiais também encontraram diplomas de graduação no exterior e outros documentos que corroboram a versão do intermediador do esquema.
Além dos dois detidos, o grupo é formado por pelo menos mais duas pessoas. Uma delas é uma mulher, que se passava por integrante de uma unidade de ensino, e ainda não foi totalmente identificada. O outro envolvido emprestava a conta bancária para depósitos dos pagamentos dos diplomas falsos e deve prestar depoimento nesta semana.
Investigação
A Polícia Federal começou a investigar o grupo em abril de 2016, após a denúncia do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Sergipe. “O CRM inscreveu uma pessoa e, após os trâmites de conferência, viu que ele não era acadêmico de medicina no Brasil”, explicou o delegado.
De acordo com o delegado, a organização criminosa vendia os diplomas falsos por até R$ 150 mil em nome de instituições de ensino de Santa Catarina com a promessa de que seriam extraídos das próprias universidades. Eles agiam com foco em estudantes de medicina que se formavam no exterior.
“Os interessados contatavam o grupo em Goiás e compravam esses diplomas falsos acreditando na promessa que eles seriam ‘esquentados’ nas universidades que expediram, em tese, esses documentos“, relatou o delegado.
Os policiais também constataram que os suspeitos acompanhavam os clientes quando requeriam o registro profissional no CRM. A corporação identificou que duas pessoas conseguiram os documentos, que já foram anulados. Houve outras seis tentativas de registro nos CRMs da Bahia, Goiás e Acre.
Crimes
Segundo a PF, os integrantes do grupo devem responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade de documento e uso de documento falso. Caso sejam condenados, eles podem pegar até 13 anos de prisão.
Ainda segundo a polícia, as pessoas que se formaram em medicina no exterior e contrataram serviços do grupo também são investigadas por uso de documento falso. Elas podem ser condenadas a até 5 anos de prisão.