Pacientes que sofrem de hipertensão arterial pulmonar, uma doença crônica, dizem que estão desde o mês de abril sem conseguir retirar medicamentos para tratamento na farmácia de Alto Custo de Mato Grosso. Na hipertensão arterial pulmonar, as paredes das artérias ficam mais largas, dificultando a passagem do sangue e a chegada de oxigênio aos pulmões. Por isso, aparece a sensação de cansaço.
A Secretaria de Saúde de Mato Grosso respondeu que não tem previsão de compra do medicamento sildenafil. A cada trimestre a superintendência de assistência farmacêutica faz o pedido de compra. A farmácia é mantida com recursos dos governos Federal e estadual.
Ainda segundo a SES, muitos medicamentos são fornecidos pela União, dentro de programas nacionais específicos, como é o caso desse medicamento que está em falta. A reportagem tentou contato com o Ministério da Saúde para saber qual a previsão de compra do medicamento, mas não teve resposta.
Eliana Balieiro, de 52 anos, é portadora da doença e também tem lúpus. Ela não consegue andar ou ficar de pé. Para respirar ela precisa de um aparelho de oxigênio. A doença foi descoberta há 10 anos e afetou os pulmões e o coração dela.
Para ela, pior do que conviver com a doença, é lidar com a falta de medicamento. Dos 16 que ela precisa tomar, boa parte ela não consegue mais encontrar na farmácia de Alto Custo.
“A gente não se sente mais nem no direito de ter medo. Os medos, quase todos, foram assimilados. Antes eu tinha medo da morte, hoje eu não tenho mais. A morte já faz parte da minha vida. Não podem tirar esse nosso direito de continuar lutando pela nossa sobrevivência. Nós merecemos também viver, nós não morremos ainda e não queremos morrer”, criticou a paciente.
Segundo a Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar, no Brasil existem 60 mil pessoas com a doença, que ainda não tem cura. Como o tratamento é complexo o uso de medicamentos não pode ser interrompido.
Em Mato Grosso, um grupo de 30 pessoas vive o mesmo drama. Os pacientes enviaram um oficio e denunciaram a falta de remédios ao Ministério Público.