As Unidades de Pronto de Atendimento (UPAs) de pelo menos três municípios catarinenses continuam sem receber pacientes, mesmo cada cidade tendo recebido mais de R$ 2 milhões para as obras.
As prefeituras de Caçador e Videira, no Oeste, e Criciúma, no Sul, alegam não ter dinheiro para bancar o funcionamento dessas unidades de saúde. Já em Herval d’Oeste, os moradores estão contribuindo pela conta de água para manter UPA no município.
A UPA de Videira deveria ter sido entregue em 2015, mas foi inaugurada em dezembro de 2016. Apesar de equipada, ninguém ainda foi atendido no local. A atual administração diz que mesmo sendo inaugurada, a unidade não estava totalmente pronta.
“No total foram 102 irregularidades apontadas pela Vigilância Sanitária. Estamos buscando adequação dessas não inconformidades para colocar essa unidade em funcionamento”, afirma Dorival Borga, prefeito de Videira.
Já em Caçador, uma placa de inauguração foi colocada em dezembro do ano passado, mas a UPA ainda não abriu. A gestão atual diz que conseguiu os alvarás necessários no mês passado.
No entanto, a prefeitura diz só vai conseguir transferir o atual atendimento para o novo prédio, e não fazer demais serviços que estavam previstos na UPA.
Segundo a prefeitura, outros municípios da região não aceitaram fazer convênio para ajudar a bancar os custos e sozinha não consegue gerir a unidade.
Se as unidades se limitarem a pronto atendimento, as duas cidades terão que devolver a parte que o Governo Federal investiu para construir os prédios, pois o atendimento deveria ser mais amplo.
Moradores ajudam a manter UPA em Herval d’Oeste
A UPA de Herval d’Oeste atende dentro do previsto pelo Ministério da Saúde há três anos e aliviou as emergências de hospitais. No entanto, as ameaças de fechamento são constantes e os moradores estão fazendo contribuições para manter a unidade.
A UPA tem um custo de R$ 450 mil mensais, sendo que R$ 170 mil desse valor vem do Ministério da Saúde e o restante, R$ 280 mil, deveria ser dividido entre os sete municípios atendidos no local. Mas nem sempre as prefeituras repassam esse valor. Com isso, a Prefeitura de Herval d’Oeste pediu doações mensais de R$ 5 a R$ 50 aos moradores através da conta de água.
Sem previsão para abrir UPA de Criciúma
“É gasto com insumos, medicamentos, manutenção da edificação, manutenção dos aparelhos que têm de ser aferidos com uma certa periodicidade, esse tipo de serviço assim”, explica Eugênia Bico, administradora da UPA da cidade
Em outra região do estado, a UPA de Criciúma deveria atender 2,5 mil pacientes por dia. Ela começou a ser construída em 2010 e deveria está funcionando há três anos, mas continua fechada. Enquanto isso, o prédio é alvo de vandalismo e de furtos.
“Tem desperdício de material, depois vai ter reforma, que vai muito mais dinheiro e a gente que paga”, diz o autônomo Jesse Silva.
Depois de três notificações do Ministério da Saúde exigindo que a obra fosse concluída, a prefeitura contratou uma empresa e vai ter que desembolsar mais de R$ 660 mil.
“Tem oito meses para conclusão da obra. Depois vem a parte de equipamentos que é com a Secretaria de Saúde“, diz Kátia Smielevski, secretária de Infraestrutura de Criciúma.
Além dos equipamentos, a Secretaria de Saúde também vai ter que conseguir dinheiro para manter a UPA funcionando. “A gente vai receber R$ 130 mil do Ministério da Saúde. O serviço hoje que temos 24 horas da Próspera vai ser transferido para a UPA. Então, a gente já tem um gasto mensal lá com essa transferência e o restante vai ser contrapartida do município”, detalha Franciele Gava, secretaria de Saúde de Criciúma.
Já foram mais de R$ 2 milhões investidos. Mesmo com quase tudo pronto, por enquanto, os moradores não sabem quando a UPA vai começar a funcionar.
“Fico realmente muito triste por saber que o dinheiro público está sendo mal investido, sendo que hoje em dia está faltando dinheiro na saúde, na educação, em muitas coisas, e você ver um prédio desse aqui parado e não se sabe nem se vai funcionar ou quando“, lamenta Marcos Chandor, produtor de eventos.