Especialmente nos últimos anos da faculdade de Medicina, é quase inevitável que a pergunta surja e renda dúvidas insistentes: em qual área seguir? Atualmente, são 54 especialidades médicas devidamente reconhecidas no país pela Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
Conforme explica o diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) William Adami, existem duas maneiras de se tornar especialista. A principal e mais recomendada é através de residência médica. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), são 58.077 vagas disponíveis em todo o território nacional, sendo 4.730 delas no Rio Grande do Sul.
A maioria é de acesso direto. Ou seja, não exige como pré-requisito que o médico tenha passado por outra residência. São os casos de anestesiologia, dermatologia, pediatria e psiquiatria, entre outras. Para cursar áreas como nefrologia e geriatria, por outro lado, o profissional precisa ter passado pela clínica médica. O mesmo acontece na área de cirurgia geral, que é base para cursar cirurgia plástica ou cirurgia cardiovascular depois, por exemplo.
Ao finalizar a residência, o médico recebe um certificado de conclusão emitido pelo MEC, que possui valor equivalente ao título de especialista. A outra maneira é realizar a prova da sociedade de especialidade (que deve ser filiada à AMB) correspondente à área pretendida. Se aprovado, o médico pode registrar o título de especialista no CFM, assim como acontece no caso da residência médica.
Cuidado na hora de escolher a residência médica
O que também costuma causar dúvidas são as pós-graduações lato sensu oferecidas por instituições de ensino. Adami ressalta que esses cursos, mesmo quando registrados pelo MEC, servem apenas como instrumento pedagógico e que o certificado emitido não permite o uso da titulação de especialista – para isso, seria necessária a realização posterior da prova da AMB.
Por isso, é preciso estar atento para evitar propagandas falsas. É o caso da Facinepe, denunciada pelo Simers ainda em junho de 2016. Em materiais informativos, a instituição dizia oferecer uma “semi-residência médica”. Após o ofício protocolado no MEC, a denominação deixou de ser usada.
Mas a atenção de buscar informações sobre a formação vale também para aqueles que optam pela residência médica. Em março deste ano, o Sindicato recebeu reclamações dos residentes em radiologia do programa oferecido no Hospital Beneficência Portuguesa. Após denúncia do sindicato, reunião da plenária da CNRM decidiu pelo fim deste programa de residência.
“É difícil ter certeza de que a residência em que você quer entrar é realmente a melhor para a sua área e de que tudo funciona como deveria”, sugere o diretor do Simers. Então, vale conversar com quem já faz parte do programa ou passou por ele e alinhar suas expectativas com a oferta.
Outra dica de Adami é participar, ao longo da graduação, das atividades promovidas pelo Núcleo Acadêmico da entidade (NAS). “Nós temos nos esforçado para mostrar ao estudante de Medicina que a profissão é muito mais do que só ciência e os livros e que as próprias faculdades se esquecem de formar o acadêmico com essa visão mais abrangente para gestão, assistência em saúde e temas políticos. Tudo isso ajuda a ter mais segurança até na escolha da especialidade”, finaliza.