A violência urbana e os acidentes de trânsito já superam as mortes por neoplasias (Câncer) no estado do Pará. No ranking de causas de mortes no estado, as provocadas por causas externas (acidentes de trânsito e homicídios) tradicionalmente apareciam como a terceira causa de óbito. Porém, dados mais recentes indicam que as causas externas já ocupam o segundo lugar no ranking, só perdendo para as doenças cardiovasculares.
Dados do Ministério da Saúde (Datasus), informam que o número de óbitos ocorridos no Estado, provocados por acidentes de trânsito, tiveram um acréscimo de 61% de 2005 a 2015. Nesse período, 14.120 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito no Pará. O Datasus informa que em 2014 as mortes provocadas por acidentes de trânsito foram 1.566. Enquanto no mesmo ano o IBGE apontou 996 mortes por neoplasias.
No mapa da violência de 2016, divulgado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), foram vítimas de mortes provocadas por armas de fogo no estado do Pará 20.101 pessoas no período de 2004 a 2014. O mapa mostra uma elevação considerável do estado nos índices de mortes por armas de fogo, registrando um crescimento de 96,9% nesses anos.
O Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, localizado em Belém, registrou só de janeiro a maio deste ano 1.792 atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito. Os acidentes com motocicletas são os mais comuns, correspondem a 41% do total de acidentes registrados.
“Se somarmos as mortes provocadas pelos acidentes de trânsito e as vítimas de homicídio, vamos ver que temos uma calamidade aqui, um verdadeiro estado de guerra”, compara o diretor do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), João Gouveia, que representa o sindicato no Conselho Estadual de Saúde e pretende levantar o problema na pauta do Conselho. “Não vemos políticas públicas com resultados efetivos no combate a essas mortes”, afirma Gouveia.