O Conselho Federal de Medicina (CFM) alerta à população sobre os riscos de queimaduras e acidentes com fogos de artifício durante as festas juninas. De acordo com a Comissão de Cirurgia Plástica do CFM, além de mortes – aproximadamente dez a cada ano –, o manuseio inadequado desse tipo de explosivo tem levado à internação, em média, 500 pessoas por ano. Queimaduras, lesões com lacerações e cortes, amputações de membros, lesões auditivas, de córnea ou perda da visão são alguns dos principais perigos que envolvem os fogos de artifício.
Segundo dados do Ministério da Saúde, de 2008 a 2016, 4.577 pessoas foram internadas para tratamento por acidentes com fogos de artifício, com destaque para os estados da Bahia (961 hospitalizações), São Paulo (850) e Minas Gerais (640). Entre os estados com menor número de registros de acidentes com o artefato estão Roraima (16), além de Tocantins e Acre, ambos com apenas 13 internações ao longo dos últimos nove anos. Confira a evolução no quadro abaixo:
“Em média, são registradas cerca de 85 internações no Brasil somente no mês de junho. Se consideramos que em algumas regiões as festas juninas têm início nas quermesses de maio e vão até julho, podemos verificar que um terço de todas as hospitalizações do ano acontecem apenas neste período de 90 dias”, explica Pedro Nader, coordenador da Comissão, que também mantém um núcleo de especialistas em queimaduras.
Ele acrescenta que, em caso de acidente, as pessoas devem procurar o serviço de saúde mais próximo, para atendimento médico adequado. “Se possível, lave o ferimento com água corrente, evite tocar na área queimada e não use nenhuma substância sobre a lesão – como manteiga, creme dental, clara de ovo e pomadas”, recomenda.
Brincadeira fatal – Todo cuidado é pouco quando se trata de fogos de artifício. Nas últimas duas décadas, 197 pessoas foram vítimas fatais de acidentes por queima de fogos, em todo o País. Neste período, a região Sudeste apresentou 75 óbitos, perfazendo 38% dos casos registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade. Em seguida, aparecem as regiões Nordeste, com 69 óbitos (35% dos casos) e Sul, com 29 óbitos (15%). Já o Centro-Oeste e o Norte registraram, juntos, 11 óbitos, equivalentes a 6% dos casos.
As pessoas mais atingidas tinham idades entre 20 e 49 anos – 37% dos óbitos registrados entre 1996 e 2015. Entre as crianças e adolescentes de zero a 19 anos, o percentual de óbitos foi de 21%. “Nunca se deve permitir o acesso de menores de 18 anos a qualquer tipo de fogos de artifício”, orientou o presidente do CFM, Carlos Vital, que destacou ainda que é importante evitar associar o uso dos explosivos ao consumo de bebida alcoólica.
Protocolo nacional – Em 2011, a então Câmara Técnica de Queimaduras do CFM – que hoje integra a de Cirurgia Plástica – publicou uma cartilha que dá subsídios para a qualificação do atendimento aos pacientes que sofreram queimaduras. O foco principal do manual, elaborado em parceria com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), foi uniformizar o atendimento de emergência às queimaduras.
A cartilha oferece um verdadeiro passo-a-passo de como atender este tipo de caso. O foco principal recai sobre os atendimentos de urgência e emergência, principal porta de entrada das ocorrências. Desde 2012, a cartilha é publicada pelo Ministério da Saúde (MS) e distribuída às secretarias municipais e estaduais de saúde de todo o País, para auxiliar as equipes de saúde na assistência imediata às vítimas de queimaduras, reduzindo o agravo da lesão e o risco de óbito.
A Cartilha de Tratamento aos Queimados pode ser acessada na plataforma CFM Publicações.