A crise na rede materno-infantil parece não ter fim. Todos os dias os problemas se acumulam nos serviços das redes municipal e estadual de saúde. A Maternidade Professor Barros Lima, em Casa Amarela, onde funciona um dos principais serviços de referência da assistência ao parto do Recife expõe com clareza a realidade enfrentada pelas gestantes em trabalho de parto, pacientes e acompanhantes sem acomodações. No sábado, 27 de maio, pela manhã, uma paciente trouxe um colchão de casa para “parir” na maternidade. Ela estava no corredor da maternidade. Há um mês as autoclaves estão quebradas (autoclave é um aparelho muito utilizado em laboratórios de pesquisas e hospitais para a esterilização de materiais). O aparelho estava sendo esterilizado em outros serviços. A reforma da unidade de saúde que foi iniciada no mês de maio, no primeiro ano da atual gestão municipal até hoje não foi concluída, comprometendo o número da enfermaria para pacientes que acompanham os recém-nascidos (RN), em uso de antibióticos.
A superlotação é uma das preocupações de médicos, pacientes e acompanhantes. A sala de pré parto, onde cabe cerca de sete pacientes, é o único lugar que tem banheiro funcionando. É triste e lamentável. Existem ainda dois espaços que ficam gestantes: sala de exercício e medicação que, hoje, foram invadidos por macas e cadeiras. É nesse cenário de superlotação, falta de leitos, sobrecarrega de trabalho, déficit de profissionais e escassez de insumos, materiais, que os pacientes são assistidos e os profissionais atuam em condições precárias, inadequadas, desumanas. O problema parece piorar no dia a dia.
Não é de hoje que o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) denuncia e, ao mesmo tempo, cobra soluções aos gestores municipais. As soluções são paliativas. As equipes estão desfalcadas, seja nos plantões ou na rotina diária da rede materno infantil. Diante desse caos, os profissionais médicos, principalmente, aqueles que estão nas emergências são apontados como “culpados. Em verdade, eles são tão vítimas desse sistema ineficiente quanto as parturientes e seus recém-nascidos.