O Instituto de Câncer Dr. Arnaldo, em São Paulo, continuou desmarcando consultas nesta quinta-feira, 27 de abril, um dia após o secretário da Saúde da capital paulista, Wilson Pollara, anunciar que o programa Corujão da Saúde remarcaria essas consultas em outros hospitais.
Foi o terceiro dia seguido de consultas desmarcadas, segundo o hospital filantrópico. A unidade é referência no tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), mas está em crise por falta de dinheiro. O Ministério da Saúde informou que, em 2016, destinou R$ 45,8 milhões ao Instituto Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho para ressarcimento dos procedimentos e que há dez anos repassa recursos específicos para o hospital.
A Secretaria da Saúde disse que já tem a lista dos pacientes do instituto e que está em contato com o hospital para filtrar os pacientes que ainda aguardam atendimento para depois as equipes do Corujão remarcarem os atendimentos.
O instituto diz que opera no vermelho há oito meses e que sempre atendeu mais do que podia, por isso acumulou uma dívida de R$ 5 milhões. No início de abril, o hospital reduziu o número de cirurgias. Na semana passada, recusou novos pacientes. Como havia a expectativa de uma verba suplementar do Ministério da Saúde, o atendimento voltou, mas a verba não chegou e o serviço foi suspenso na terça-feira. Os pacientes foram encaminhados para as unidades de saúde.
A Paciente Vânia de Moraes Salles é uma das afetadas pela falta de atendimento do hospital. Ela conta que recebeu uma ligação do instituto informando que sua consulta estava cancelada. “Estou desde setembro procurando realmente um atendimento com especialista e até o momento não havia conseguido. Agora vou ter que esperar novamente, entrar numa fila de espera novamente, mesmo sendo para atendimento de alta prioridade“, diz.
A técnica de enfermagem Edilene de Oliveira Duarte esperou nove meses pelo atendimento. Ela fez uma cirurgia para tirar um câncer da tireoide em agosto de 2016 e precisa do tratamento de iodoterapia. Na quarta-feira,26, ela foi ao instituto para uma consulta e não foi atendida. “É descaso, o outro lado da moeda. É difícil, é difícil. Falaram que não iam abrir a ficha, que era para procurar a Secretaria da Saúde ou voltar para o posto de origem de novo”.